Quarto do Axl

Praticamente que arrastei Amanda até ao meu quarto e quando parei olhei-a.
-Tu tens sorte, muita sorte sabes? Se eu não fosse um gajo que prometesse e cumprisse estavas neste momento sozinha naquele hospital - disse relembrando-a que lhe disse que estava ali para ela. - Tu pensa bem no que vais fazer Amanda, estás a influenciar quatro pessoas. - Foi apenas o que lhe disse e agarrei na minha droga pondo tudo numa mala e deixando uns saquinhos para mim. - Fica aqui, vai-te embora, whatever, eu tenho que ir fazer os meus compromissos - disse saindo.

« Estavas neste momento sózinha no hospital. », «estás a influenciar quatro pessoas», «nós os 3 sabemos que tu daqui a nada estás na cama com outra melhor do que a que engravidaste. », « burrinhas foste tu em meteres-te com quem não devias.», «E pára de ser bruto porque estás num barco que não é ela que te pode « Logo vê se te livras dela.». Tudo giráva em minha volta, arrepiando-me. Deitei-me na sua cama e com a cara virada para a sua almofada, cheirando a tabaco, e chorei o que tinha a fazer. Lembrei-me de novo daquelas frases idiotas e levantei-me. Procurei um papel algures e com uma caneta que tinha na mala, deixei uma mensagem. "Não preciso de ninguém na minha vida que não queira lá estár" escrevi. Respirei fundo e coloquei o papel em cima da cama, onde ele o visse. Olhei mais uma vez para o quarto, pensando melhor no assunto. Vai agora ou arrepende-te para sempre, pensei. Fechei a porta com força, estemecendo. Saí e apanhei um autocarro com o meu passe, sem destino certo.

Entrei no meu quarto e sentei-me na cama tentando acalmar-me interiormente. Sentia-me a ferver e a minha faca não me tinha saido da mão. O gajo safa-se os maus nunca morrem. Mas aquelas imagens não desapareciam e voltavam a assombrar-me. Respirei fundo e disse - pára de pensar Axl - baixinho enquanto me levantava. Fui tomar um banho e quando me sentia um bocado mais lucido vi um papel sobre a cama. Abri-o e só aó é que me lembrei que Amanda deveria estar por ali, mas não estava.
Revirei os olhos mal o li.
-As gajas pensam de mais, está provado - resmunguei indo até ao armário e vestindo alguma coisa para sair dali.

Ela deitou-se e eu suspirei indo à cozinha buscar um iogurte e umas bolachas quaisquer. Arrumei tudo o que consegui no quarto e não consegui evitar olhar para a minha mala mágica. Abanei a cabeça dizendo a mim mesmo que isso esperava e sentei-me à frente de Amanda obrigando-a a comer. Olhei-a curioso.
-Porque é que foste viver com os teus tios, se não és feliz? - Perguntei tirando uma bolacha.

Fixei o chão, tentando fugir ao assunto.
-Simplesmente não podia viver com os meus pais.. - murmurei, dando uma dentada numa bolacha.

Endireitei as costas levantando uma sobrancelha.
-Porquê? - Perguntei simplesmente não dando a minima se estava a ser indiscreto.

Olhei-o e esperei dois segundos antes de começar a falar.
-A minha irmã morreu quando eu tinha três anos. A minha mãe suicidou-se pouco depois. E a seguir o meu pai fugiu. - admiti, voltando a olhar para baixo - Feliz? - perguntei, irónicamente. Aquela Amanda mimada e sensível que ele conhecia não era a mesma Amanda que tentara suicidar-se há uns anos.

Suicidou-se, suicidou-se, suicidou-se
-Hm - um murmurio saiu da minha boca mas não me movi nem um milimetro - Deixa-me que te diga mas o teu pai é um cobarde - disse-lhe. Tentei lembrar-me da idade dela - Mas tu já és maior de idade, porque é que simplesmente não arranjas um emprego e tentas sair daquela casa? - Aquilo era mais uma ideia do que uma verdadeira pergunta. Levantei-me tentando aclarar as ideias e tirei a t-shirt e as calças pegando numa toalha. Depois parei e olhei-a passando-lhe a toalha. - Vai tu tomar banho. Eu espero.

Ignorei a pergunta dele. Assenti com a cabeça e peguei na toalha, indo até à casa de banho. Liguei o chuveiro e observei os produtos que lá haviam. Fiz um rabo de cavalo, pois já havia pouco shampô, e tomei banho de água quente sem lavar o cabelo. Saí do duche e vesti a mesma roupa, voltando ao quarto e entregando-lhe a toalha.
-Obrigada. - murmurei, deitando-me na cama e colocando o cobertor em cima de mim, para me aquecer.

Levantei-me da cama e peguei na toalha.
-Não agradeças - disse e fui para a casa de banho. Era o minimo que podia fazer. Era interessantissimo o facto de que eu mal tinha chegado a uma cidade onde supostamente não devia dar nas vistas por causa da polícia e por ter engravidado uma rapariga estava mais famoso que nunca. Liguei o chuveiro usando o resto do shampô que havia e demorei-me pouco, porque ainda precisava de ir buscar Pinkly. Fui novamente para o meu quarto e vi-a quase a dormir com o meu cobertor. Fiquei espantado ao ver que já era tarde. Suspirei por causa de Pinkly deite-me ao lado dela mandando uma mensagem a Brayce, a dizer que só ia buscar a cadela amanhã.

Axl dormia bem dorminhoco mas eu não conseguia, por isso sentei-me na cama e resolvi escrever uma mensagem ao Edwin a pedir desculpa por tudo. Depois de mandar, reencostei-me à parede do quarto, sem saber bem o que fazer. Mais valia procurar uma arma e suicidar-me. pensei, sabendo que não fazia falta.

Abri os olhos com a minha habitual dor de cabeça e tomei o meu habitual comprido matinal. Vi Amanda sentada e encostada à parede do quarto.
-Bom dia - disse levantando-me e vestindo qualquer coisa. - Quando é que vais falar com os teus tios? - Perguntei vestindo uma t-shirt azul escura que realçasse com os meus olhos.

Revirei os olhos.
-Dia? Estás parvo? - perguntei, rindo-me - Não sei.. - suspirei. Falar com os meus tios? Estás parvo? acrescentei mentalmente

-Sim dia - disse mostrando-lhe a janela para que visse o sol - então vê se pensas durante o pequeno-almoço - pedi-lhe. Fui num instante ao quarto de Cally e tirei-lhe umas roupas dando a Amanda. - Ela é mais ou menos da tua altura - encolhi os ombros - não gosto de ver raparigas com a mesma roupa todos os dias - sorri e levei a mão à cabeça, nem sabia porque é que tomava a porcaria dos comprimidos se eles não me faziam nada. - Tens que tomar o pequeno almoço sozinha - fiz uma careta - tenho que ir buscar a Pinkly e ela não pode ficar com pessoas que não conhecem - disse pondo perfume e olhando-a - é ali ao lado.

Olhei a roupa e pousei-a.
-Deixa estár. Eu vou para casa, e não te chateio.. - suspirei, levantando-me e aproximando-me dele - Vemo-nos.. em breve?! - perguntei, dirigindo-me à porta. O mais provável era nunca mais o ver e ficar outra vez sózinha.

Levei-as até ao quarto e deitei-as na cama com cuidado.
-O que lhe aconteceu? - perguntei, confusa

-Houve uns problemas - deitei-a com cuidado na minha cama ao lado de M&M's e olhei para Amanda. - Não quero falar disso.
Virei-me para ver se o quarto estava arrumado e sem porcarias à volta das minhas irmãs e sentei-me cansado.

Sentei-me ao lado dele.
-Eu contei-te a minha história, é a tua vez. - suspirei, olhando sériamente para ele. Estás mesmo à espera que ele te vá dizer? Ouvi as meninas a começarem a dormir e sorri, voltando a olhar para ele.

Olhei para ela elevando a sobrancelha. Só me faltava mais esta, já não bastava o dia que tive.
-Eu não tenho história. Tenho muitos irmãos e estas pitas. - apontei com o meu queixo para elas.

Fiz um impulso e levantei-me. Aproximei-me dele e rodeei-o com os meus braços seduzindo-o, daquela maneira ele não poderia mentir. Era tipo chantagem, mas mesmo que ele contasse ia continuar. Precisava de me divertir.
-Coisa interessante. - afirmei irónica - Agora quero a verdade.

Agarrei na sua cintura e sorri.
-A verdade é que tu na verdade és muito atraente - ri-me.

Roubei-lhe um beijo e sorri preversamente.
-Eu sei. - provoquei-o mais lambendo-lhe a cara e quando achei bem dei-lhe uma chapada. - Wake up, hora de me contares a tua história! - obriguei

Olhei para ela com as sobrancelhas juntas e abri a boca.
-Hei, não era preciso violência - ri-me suspirando - O que é que achas que é a minha história? Se é que tenho uma história. - Perguntei.

Aproximei-me dele novamente e baixei o olhar.
-Não sei, diz-me tu. - voltei a olhar para ele sériamente sem tirar os braços de volta dele.

Abanei a cabeça levantando-me com ela ao colo.
-Não tenho história. - M&M's levantou a cabeça assustada e eu fui até ao lado dela colocando Amanda no chão.
-O que é que se passa? - Perguntei ela estremeceu e começou a chorar.
-Sonhei... que a mamã... morria...- disse entre soluços agarrando-se ao meu pescoço. Suspirei fechando os olhos e larguei-a limpando-lhe os olhos.
-Porque é que sonhaste com isso M&M's? - Perguntei.
-A mamã disse que não devia estar contigo porque tinha medo que... - ela parou olhando para Amanda e depois olhou para o chão.
-Ela tinha medo que eu lhe fizesse mal? - Ela assentiu e eu larguei-a abanando a cabeça e estalando os ossos da mão. - Volta a dormir - pedi-lhe desligando a luz e ligando uma com menos intensidade.