Sala de Estar

-O meu mano Axl é um menino mau mas eu gosto dele, consegue ser engraçado. - sorriu ela como se nem tivessemos rodeados por vagabundos nojentos. Abracei Brayce dando-lhe um beijo na testa, ela não sabe qual o esforço que eu estava a fazer para não desatar àpancada com aqueles gajos. Comecei a bater o meu pé no chão, irrequieto e olhei para Scooby que foi para o nosso meio lambendo-me.
-Brayce, eu vou lá e... faço qualquer coisa - murmurei-lhe ao ouvido.

Estalei os dedos e encostei-me ao sofá.
-Não sabes o quanto custa saber que estão ali pessoas que te podem levar na boa e que te podem matar - disse-lhe baixo o sufuciente para que as minhas irmãs não ouvissem. Apertei a mão dela e dei um beijo nela. Coloquei música a dar e levantei-me tentando desanuviar o ambiente, a música estava baixa por isso não fazia mal nenhum curtir um bocado o som. - Anda cá - pedi fazendo-a levantar-se e puxando-a para mim mesmo que a música não fosse para ser dançada assim.

-Sim, já podia estar feita - respirei fundo acabando por me rir com a cara de Mary a olhar para nós e apertei-a fazendo com que ela não tocá-se no chão. - Preciso de falar contigo - murmurei e o meu tom de voz saiu demasiado preocupado. Queria deixar aquele sunto mais para tarde mas era impossivel porque cada vez aquela miuda me deixava mais preocupado.

-E... a velha bruxa morreu. Fim - Finalizei a história mais que velha, mas a minha irmã já tinha adormecido. Levantei-me com cuidado deixando a porta semi aberta porcausa de Melanie e fui ter com Brayce sentando-me ao seu lado e dando-lhe um beijo na cara.
-Ela não fala - ela sabia de quem eu estava a falar, ja tinhamos falado disto - ela nem se quer se esforça para transmitir o que sente. Acho... - fiz uma pausa - se ela estivesse com dores, acho que nem um ai dava.

Estremeci com o que ela disse da minha mãe e abanei a cabeça.
-Não digas isso sobre ela - pedi - ela é minha mãe. - apesar de tudo.. Fui assentindo com o que ela foi dizendo sobre as terapias. - Eu sei, mas... - levantei-me - achas mesmo que ela - parei - faz aquilo à frente da Mel?

Olhei para ela completamente chocado com o que ela pensava e virei-me abrindo um pouco da janela para respirar ar puro.
-Está bem - respondi-lhe e olhei para a porta do quarto onde elas estavam a dormir. Vesti uma camisola branca de malha por cima da t-shirt e deitei-me na cama com Melanie. Por segundos ela virou-se para mim a sorrir mas depois voltou a cair no sono e eu suspirei. - Brayce - chamei - vem dormir comigo. - Pedi como se fosse uma criança, mas com a minha voz normal.[b]

Olhei para Brayce e abanei a cabeça.
-Não precisas de te preocupar comigo, só estou preocupado - respondi-lhe não sabendo se tinha sido muito convincente. Era verdade, porque não se passáva mais nada. Estava preocupado com a minha mãe, com Brayce, com os meus irmãos todos incluindo Axl, estava preocupado com todos. - Desculpa. - pedi pegando na almofada e fechando os olhos.

Eu sei - murmurei aproximando-me dela e procurando pela sua boca de olhos fechados - e eu também vou estar para ti - prometi-lhe enquanto sentia a cabecinha de mel encostada a nós.

Acordei com um pesadelo e senti um baque na cabeça e outro nas costas seguido de um ardor no braço e aí percebi que estava no chão. Melanie estava acordada a olhar para mim com um sorriso no rosto enquanto Mary dormia profundamente. Suspirei ainda no chão e olhei para o meu braço vendo um arranhão por ter batido numa ponta da mesinha-de-cabeceira.
-Bom dia - murmurei para Brayce vendo-a acordada.

-Hei, não sou nada, vocês é que têm a cama toda - murmurei por causa de Mary e deitei-me na cama sentindo os seus beijos.
Sorri dando-lhe mais um beijo e depois mais outro acabando por me rir. Segui o seu olhar vendo o meu braço e fiz uma careta.
-É, comecei logo em fogo - resmunguei e percebendo que sangue não deitava.

Revirei os olhos olhando para o despertador e levantei-me vendo que faltava apenas uma hora.
-Tenho que tirar férias urgentes - resmunguei levando as mãos à cara tentando acordar. Podia estar à pouco mais de um dois meses naquele hospital, mas não tinha parado nem um dia quando mudei para ele. - Faz - Pedi suspirando e voltando a cair na cama agarrando numa almofada.

Pum Um tiro. Sim, eu tinha ouvido um tiro, há praticamente 9 anos atrás. Pronto. Oito anos, trezentos e sessenta e quatro dias e provavelmente doze horas. Abafei a minha cara com a almofada e levantei a cabeça vendo atrás de mim com a comida à frente dela.
-Não era preciso trazeres, eu tenho pernas, mas obrigado. - Reclamei com um sorriso e puxei-a para se sentar quando já tinha o tabuleiro em cima da cama.