Sala de Estar

Entramos numa sala muito acolhedora que me fez sorrir. Olhei em volta e os meus olhos brilharam.
- Que sala tão bonita.
Olhei-a nos olhos e sorri.

Sorri e encolhi os ombros atirando-me para o sofá com a toalha a trás.
-Não é nada de mais. - Olhei-o. - Queres comer alguma coisa... beber, não sei. Não sou muito boa para anfitriã - Fiz uma careta e ri-me.

Olhei para as horas e vi que já era tarde.
- Fica para outro dia, tenho de ir para casa. Depois passa por lá e eu faço-te uma visita guiada.
Sorri, despedi-me e abandonei a casa.

-Oh podes querer que faço - ri-me e disse-lhe adeus da porta.
Voltei para o meu querido sofá e liguei a televisão, fartando-me e voltando para a rua.

Deitei Pinkly no sofá que já me tinha lambido a cara e isso era bom sinal.
-Nunca mais te levo para casa de ninguém Pink. - resmunguei comigo mesmo e ao mesmo tempo com ela. Aquela cadela era tudo.
Percorri a casa à procura de Amanda mas ela deve ter-se ido mesmo embora. Sentei-me no sofá e fechei os olhos cansado e com uma dor de cabeça enorme. Aquela miúda também adorava fugir.

Levantei-me indo ao meu quarto buscar os comprimidos para a dor de cabeça. Como dois não faziam nada tomei três seguidos e de seguida outro ainda mais forte. A minha cabeça parecia que ia rebentar a qualquer momento e eu não percebia bem porquê. Ouvi a campainha a tocar e esperei que ou Cally ou o outro pessoal fosse abrir, mas parecia que estava sozinho por isso desci as escadas e fui abrir a porta.
Fiquei estático ao ver a minha mãe, bonita como sempre, mas com uns olhos tristes e cheios de olheiras, eram azuis como os meus e o cabelo louro dela estava todo bagunçado. Desde a morte dele que ela não tinha o brilho especial de mãe no olhar.
-O que é que estás aqui a fazer? - Perguntei desconfiado olhando para trás dela. Observei uma bebé e a minha irmã mais nova de cinco anos, ou achava eu que era a mais nova, à qual eu chamava M&M's por ter diversas cores no seu corpo.
-Está descansado eu não te venho entregar para a policia - apeteceu-me suspirei de alivio mas sabia que se ela estava ali ia haver problemas. - Vim entregar-tas - disse preparando-me para pôr a bebé nos meus braços. Afastei-me pondo as mãos para cima.
-O quê? Estás parva? Eu com bebés como elas? - Perguntei. Ela tinha endoidecido e se não era isso estava toda mocada, mas não parecia ter os olhos vidrados.
-Não. Eu preciso que fiques com elas, Axl. Por favor - Suplicou e eu neguei com a cabeça.
-Nem pensar, tu endoideceste - mal eu dizia isto já ela me estava a largar a bebé nos braços numa posição não muito confortável para ela.-Mãe? Nem penses. Mãe?! - Chamei mas ela já estava a correr para longe.
-Olá Axl - sorria a minha irmã mais nova. Ela fazia sempre isto, podia não gostar das situações, mas sorria sempre. - Ela chama-se Melanie, este é o saco dela. - Disse dando-me um saco para os braços. Melanie olhava-me com uns grandes olhos azuis tipicos da familia McDonell e eu não percebia porque é que ela me tinha deixado as duas comigo.
-M&M's, isto não vai correr bem. - Avisei-a. Ela encolhei os ombros.
-Eu sei Axl - sorri entrando e olhando em volta. - wow isto é o paraíso - riu-se ela saltando.
Olhei novamente para Melanie que estava ainda na posição estanha mas parecia não estar a gostar e fazia-me um beicinho engraçado.
-Não me olhes assim! - Resmunguei fechando a porta e ouvindo um choro enquanto voltava para a sala e a deitava ao lado de Pinkly.
Estou tão lixado.

Sentei-me no sofá.
-E agora, podes contar-me ? - pedi - Eu não vou fugir de ti nem nada... - encostei-me e olhei em volta, o ambiente era calmo.

Pestanejei ficando levantando a olhar para ela.
-Porque é que haverias de fugir? Eu não fiz nada - defendi-me - ele suicidou-se. O que é que eu podia fazer?

Levantei-me e dei uma volta pela sala, olhando pelos quadros e decorações que lá havia. Parei atrás do sofá e apoiei-me nele com os braços.
Então se foi 'só' isso porque é que a tua mãe acha que a culpa foi tua? - perguntei, começando a pensar no que poderá ter havido mais. Os teus pais também pensaram que a culpa da tua irmã foi tua, e ela morreu de cancro... pensei para mim própria.

-Porque secalhar esse "só" me tirou a infância - respondi levantando-me - porque se calhar eu ainda sinto o sangue dele na minha cara - olhei-a levantando-me - eu peguei na arma no momento em que a minha mãe entrou. - encolhi os ombros - ela sempre esteve de pé atrás comigo. Não há muito para dizer.

Respirei fundo e dirigi-me até ele.
-Ele fez isso à tua frente? - perguntei, olhando para ele e tocando-lhe na mão.

Não disse mais nada e peguei no comando para acender a televisão. Fui também buscar fósforos e acendi a lareira.
-Conseguiste o que querias hã? - ironizei abanando a cabeça.

Aproximei-me e olhei para ele, fechando os olhos e tentando pensar no que haveria de dizer.
-Desculpa... Não sabia... - olhei para baixo - Ele.. Deixa estár.- Aproximei-me dele e passei a mão pela cara dele. - Está tudo bem agora. - afirmei, sabendo que não era bem verdade.

-Agora sabes - respondi-lhe ignorando o seu: "está tudo bem" porque não era verdade nem agora nem nunca foi. - Porque é que continuas a vir aqui Amanda? Não és tu que dizes que eu sou um drogado? Hoje eu pedi-te, mas não foste obrigada a vir.

Olhei para ele confusa.
-O que queres dizer com isso? - perguntei, virando costas e sentando-me no sofá novamente.

-Quero dizer que eu trato-te mal e tu continuas a aparecer - abanei a cabeça - isso confunde-me. Mas vais-me responder? - Perguntei sentando-me na mesa à frente da lareira.

Encostei-me ao sofá.
-Nem sempre me trataste mal. - olhei para ele - Porque é que continuas a falar comigo já que sou tão... sei lá? - respondi, ignorando a sua pergunta inicial.

-É eu às vezes consigo ser um querido - ironizei inclinando-me para ela - Tão o quê? És uma pessoa normal que tem tios maléficos - brinquei olhando-a.

Manti-me no meu lugar e fiz um sorriso matreiro.
-É, às vezes. - mudei o meu tom de voz no 'às vezes' , assim como a expressão facial - Não gosto de normal. É muito... vulgar. - murmurei, fazendo uma careta e aproximando a minha cara da dele.

Aproximei-me com um sorriso maroto e fiquei a olha-la provocando-a.
-Eu sou anormal? - Perguntei, mas não foi possivel que ela respondesse porque ouviu-se um grito de M&M's e um choro constante fazendo-me levantar de repente - fica aqui -pedi, apesar de saber que ela não o iria fazer.

Fiz o que ele disse mas ao fim de uns momentos insuportáveis segui-o até ao quarto, deparando-me com um homem carrancudo e feio com ar de drogado com uma arma na mão apontada a nós. Coloquei os meus braços no ar e senti uma lágrima a cair-me do olho.
-Axl? - murmurei, quando o homem estáva de costas.

-Não, só coras- ironizei soltando uma gargalhada. Observei-a de alto a baixo de forma discreta enquanto calçava os chinelos. - És baixinha. - afirmei, colocando-me atrás dela com as mãos na sua cintura. Curvei as minhsa costas ficando com a minha boca perto do seeu ouvido. - Eu não disse que as baixinhas não me atraiam.- Coloquei um braço em volta dela e comecei a andar enquanto me ria. -Vou buscar o resto da Pizza, o que queres para beber?-perguntei olhando para ela. - Está-te a doer o pé? - perguntei preocupado, uma parte da culpa era minha...eu é que tive a ideia estúpida de a meter a dormir ao meu lado...mas que gostei, gostei. - És quentinha á noite sabias?É pena é teres-me babado o braço...mas pronto. - saí da sala indo á cozinha buscar a pizza e as bebidas, mal voltei para a sala pousei a pizza sobre a mesa e dei-lhe a bebida. - Não havia leitinho... - soltei uma gargalhada dando-lhe um beijo na bochecha -Estou a brincar, cariña. - murmurei ao seu ouvido.

- Eu não coro. - queixei-me - Não sejas sexy e não me tentes seduzir, ya? - gozei com uma gargalhada estúpida.
Segui-o para fora do quarto, depois de lhe dizer que não me doía o pé e que queria cola e sentei-me em cima da mesa. Era estúpido mas nunca gostara de cadeiras.
- Eu não me babo. - gritei para a cozinha, à medida que revirava os olhos. Ele estava a mentir, só podia. Mal ele chegou à minha beira, mordi o lábio para abafar uma gargalhada - Tens a certeza que não há? - inquiri com um ar sensual e deixei descair a minha mão levemente para a zona da braguilha que ganhou imediamente volume, enquanto ele me sussurrava ao ouvido. Oh merda, o que é que eu estava a fazer?

-Mas eu adoro seduzir-te, é o meu passatempo favorito, de momento - disse de forma gozona enquanto ia buscar as bebidas, deixando-as pousadas na mesa.
Puxei-a pela cintura olhando-a nos olhos - O que estás a fazer? - murmurei ao seu ouvido enquanto colocava uma mecha de cabelo atrás da sua orelha.
Aproximei-me mais dela, juntando os nossos lábios...já que há muito o desejava.