Sala de Estar

-O que é que queres que eu faça Amanda? Se eles tiverem alguma coisa eu não posso fazer nada, tal como eles não podem fazer por mim. - Disse-lhe lembrando-me de Bryan, eu não queria que ele tivesse, sabia que por sermos irmãos gémeos havia probabilidades maiores, mas ele era médico e saudável, de certeza que teria notado se tivesse alguma coisa, logo ele estaria bem. Levantei-me pensando no que fazer, tinha que desanuviar as ideias. Fui até ao meu quarto e peguei na minha mala ligando o meu telemóvel vendo que tinha montes de coisas em atraso. Passei novamente por Amanda e apenas disse: vou voltar ao trabalho.

Agarrei-o pelo braço, impedindo-o de sair. Ele não podia. Eu não ia deixar, de maneira absolutamente nenhuma.
-Axl nem penses! - ele até se podia tentar soltar mas apesar de eu não ter muita força ele não ia sair - Por favor, faz alguma coisa. - pedi novamente - Vai ao hospital, pergunta o que podes fazer... sei lá! - sugeri, tentando que ele se apercebesse que aquilo estava a acontecer e ele não podia simplesmente fugir - Vá lá Axl - desprendi o braço, a ver se ele afinal tinha orgulho ou não - Faz isso. Por mim? - tentei, depois daquela conversa toda fofa no dia em que ele levou o tiro, podia ser que ele fizesse algo por mim.

Eu fico em casa, mas não vou ao hospital nem a lado nenhum - resmunguei deitando a mala para um lado e voltando a sentar-me magoando-me na ferida. Respire fundo e levantei a minha camisola encarando-a. Ouvi a porta a bater e levantei-me para me distrair e vi Bryan do outro lado de casa. Suspirei e olhei para ele à espera que dissesse o que estava a fazer.
-Desculpa - disse ele - a mãe... - calou-se. - não queria que tivesses passado por aquilo.
-Okay - ele olhou para mim confuso.
-Okay?
-Sim, acho que já podes ir. - disse-lhe e ele mordeu o lábio olhando para mim - o que foi Bryan estás À espera de um abraço e que diga que te perdoo?
-Não - murmurou. - eu queria que compreendesses o meu lado.
-Bryan, eu sei muito bem qual foi o teu lado, foi o da mãe e eu mentalizei-me e percebi porque é que acreditaste nela. É mais fácil.
-Vou-me embora então. - Disse e eu não disse nada, virando costas. - Não, espera - pediu. os exames, positivo ou negativo?
-Positivo - fechei a porta e voltei para a sala.

Voltei para a cozinha sem mais conversa para acabar de arrumar os pratos. Ao fim de um pouco ouvi a porta bater e deixei os dois irmãos conversarem, ia lá no fim para o caso de Axl não fazer nada mas não tive tempo porque ele o mandou demasiado cedo embora.
-Bryan! - ainda chamei mas ele já se tinha ido embora - Tu és parvo? 'Positivo' - imitei a voz dele - Só isso?! Ele pode ajudar-te sabes?! - resmunguei - Arrgh deixa, eu faço isso por ti. - não o deixei responder e fui até ao quarto. Procurei o telemóvel dele mas não o encontrava em parte nenhuma, por isso sentei-me a olhar para o quarto e a pensar onde ele o poderia ter posto. Quando me lembrei, levantei-me e vi debaixo das roupas que ele tinha usado na noite passada. Dei um sorriso de alegria e procurei o número de Bryan. Após o encontrar, passei para o meu telemóvel e mandei-lhe uma mensagem.

Tive que subir as escadas devagar por causa da minha ferida que estava em recuperação e quando cheguei ao quarto Amanda estava com o meu telemóvel. Precipitei-me sobre ela e agarrei nele olhando para ela com as sobrancelhas unidas.
-Não podes mexer nas minhas coisas - resmunguei - não mexo nas tuas .
Tentei ver o que ela tinha feito e olhei para ela carrancudo.
-Eu não estou em negação! - exclamei olhando em volta e respirando fundo. - Não preciso de ajuda. - Teimei colocando o telemóvel no bolso e voltando a descer as escadas.

Recebi a resposta pouco depois e ainda a li antes de Axl chegar. Decidi esconder isso dele porque só o faria sair ainda mais e tinha de arranjar uma maneira de ficar ali em casa. mas como? tive uma ideia e sorri perversamente. Era a melhor maneira de o meter 'parado'.
-Desculpa. - pedi e fiz-lhe olhinhos como uma criança de 3 anos. Beijei-o e tirei a minha t-shirt, fazendo lhe o meu sorriso perverso de novo e praticamente obrigando-o a continuar.

Parei o beijo e olhei para cima, sendo eu mais alto que ela, esta não conseguiu continuar a pressionar-me.
-Porque é que estás a fazer isso Amanda? - Perguntei sentindo uma mão dela puxar a minha para o seu corpo.

Empurrei com os pés para me encostar melhor no sofá, e bocejei.
-Não sei... - repeti, encostando a minha cabeça - que me estava a doer imenso - no encosto.

Suspirei e puxei-a para mim.
-Tenta dormir um bocado, pode ser que te acalmes - disse-lhe brincando com o seu cabelo.

Fechei os olhos parada, tentando adormecer, algo que não estava a acontecer.
-Não consigo. - queixei-me sem me mexer.

Levantei indo procurar uns comprimidos que a ajudassem a adormecer e fui ter de novo com ela.
-Toma isto, pode ser que te ajude. - coloquei-a no meu colo e aconcheguei-a nele passando a mão pelo seu cabelo.

Tomei os comprimidos e deitei-me novamente, desta vez adormecendo em pouco tempo. Estranho estranho, foram os sonhos que eu tive, com estúpidos homens atrás do Axl, e coelhos a comerem-nos vivos, e e... e pronto, eram realmente estranhos. Mas o pior de todos foi o com os meus tios.

Agarrei nos braços dela enquanto se debatia e abanei-a um pouco, mas ela não acordava.
-Amanda - voltei a gritar e vi-a a abrir os olhos. - Calma - abracei-a.

Acordei sobressaltada ao colo de Axl, com gritos dele a chamar-me. Ainda me doía a cabeça, mas a maioria dos sonhos tinham-se extinguido dela.
-O que foi? - perguntei colocando os cabelos atrás da orelha.

-Estavas com pesadelos - respondi-lhe acariciando-lhe a face. - Amanda... - murmurei - não queres ao médico? - Perguntei colocando-a mais confortável no meu colo - Estás muito estranha.

Levantei-me rapidamente andando depressa até à cozinha, e tirando um copo de água para o beber.
-Não, não gosto de médicos. - recusei encostando-me ao balcão. Quando acabei de beber, atirei o copo de vidro para o lavatório, partindo-o. Um caco saltou para o meu dedo e cortei-me.

Respirei fundo levando a mão à cana do nariz e fui ter com ela pegando-lhe no dedo.
-Se continuares assim, vais. Eu obrigo-te e vais. - resmunguei indo buscar um desinfectante e um penso.

Sentei-me em cima do balcão e revirei os olhos.
-Vais ver se vou. - murmurei irritada colocando o dedo cortado na boca, como uma criança.

Respirei fundo - Calma - resmunguei e tirei-lhe o dedo na boca mergulhando algodão em água oxigenada e passando-lhe pelo dedo para depois pôr um penso rápido. Peguei nos seus ombros e fiz com que ela olhasse para mim. - Amanda, pára. Estás pior que eu, quando não tomo os comprimidos.

Soltei um gemido baixo quando mergulhei o dedo na água oxigenada, porque, por mais estúpido que pareça, ardeu mesmo.
-Não, tu vês coisas, e eu não. - corrigi-o e soltei uma gargalhada - Oh espera está ali alguém? - perguntei apontando para trás dele, mentindo para ver se ele acreditava em mim, se pensava que eu estava mesmo parva ou percebia.

Olhei para trás para onde ela tinha apontado e respirei fundo.
-Pára Amanda. - Estava a começar a passar-me, com estas porcarias todas ainda não tinha tomado os comprimidos e nem sabia onde eles estavam.

Desmanchei-me a rir e fiz uma careta.
-Ahah, estava só a gozar. - saí do balcão e atirei-me ao sofá, ligando a televisão. - Queres alugar um filme? - sugeri - Sabes, ouvi dizer que também se alugam aqui filmes pornográficos. - brinquei.

-Mas eu não gosto que gozes comigo - disse-lhe enquanto a olhava. Ela estava a passar-se completamente e eu já não sabia o que fazer, eu já era louco mas se ela continuasse assim ia parar mais rápido a um hospício do que ela. - É normal. - revirei os olhos - eu vou é dormir - disse subindo as escadas e indo para a cama.

Suspirei de raiva, mesmo estúpido.
-Está bem, bela adormecida, dorme bem - e esperei do som dele a deitar-se, para fazer barulho novamente, imitando gemidos como se tivesse mesmo alugado um filme pornográfico no vídeoclube.

Atirei-me para a cama irritado e a tentar mentalizar-me que ela não estava a fazer isto de propósito. Ela numa coisa tinha razão, não podia ir ao médico, porque se fosse ainda a internavam num hospital psiquiátrico. Quando comecei a ouvir os gemidos estúpidos que ela estava a fazer para me irritar meti a cabeceira por cima da cabeça e depois de algum tempo consegui adormecer.