Hospital

Levei as mãos à cabeça puxandos os cabelos e respirando profundamente.
-Oh meu deus Amanda, apenas cala-te - pedi suspirando com as mãos na testa.

Manti-me calada, assim como ele disse, tentando não chorar mais. Não chorava desde que tinha ido viver com os meus tios, porque razão teria de chorar agora? Porque é que me fui meter na discoteca naquele dia? pensei para mim.

Eu tinha uma irmã, ela era igualzinha a Amanda, dramatizava, chorava e resmungava quando ficava ciumenta, era simplesmente igual é por isso que eu nem me dou com ela, mesmo assim lembrava-me do dia em que ela tinha perdido o namorado, eu tinha seis anos apenas, era um puto que ainda se dava bem com o mundo e com todos. Lembro-me de me ir enroscar ao lado dela para que ela desabafasse nem que fosse só a chorar. Levantei-me respirando fundo e olhei Amanda dando a volta à cama e subindo para cima dela. Coloquei um braço por baixo da sua cabeça e suspirei.
-eu não disse que ficava só por causa dos putos - murmurei sentindo-me um parvo.

Ouvi a sua voz baixa a murmurar uma das coisas mais queridas que já me tinham dito. Levei o dedo ao olho, limpando a lágrima e sorrindo. Voltei a olhar para ele, sem saber bem o que dizer.

A médica voltou a entrar e eu revirei os olhos.
-Vim só trazer a alta da Amanda - disse olhando para nós um tanto espantada. - Precisas de assinar aqui - disse a médica dando-lhe uns papéis e olhando para mim.

Assinei e a médica olhou para mim.
-Obrigada. - disse, sinceramente
-Não tem de quê. Se precisar de alguma coisa, ligue-me. - deu-me um cartão com o seu número. Agradeci e tentei levantar-me, devagar e dolorosamente.

Peguei na roupa de Amanda que estava num canto e dei-lha despindo-lhe a bata de hospital. Ela vestiu-se e a médica ficou ali a ver. Olhei-a com uma sobrancelha erguida e quando Amanda estava pronta apenas disse.
-Au revoir. - disse saindo. Descemos o elevador porque era mais facil e apanhámos um táxi para casa

-o resto está em minha casa-

Entrei no hospital depois de ter saído na ambulância e mandaram-me parar a meio. Fiz o que me pediram apesar de ter insistido algumas vezes e deixei-me ficar sentado a pensar no que tinha acontecida. Eu devia tê-la agarrado. Devia ter percebido que alguma coisa não estava bem. Tapei a cara com as mãos esperando que ela estivesse bem e viva.

[Madd off]
POV médico
Tinha acabado de operar uma rapariga, quando me chamam para ver uma utente em estado grave que se encontrava no quarto 566 após um atropelamento.Entrei no quarto e comecei a observá-la sózinho, visto que mais ninguém podia entrar no quarto. Olhei para a rapariga e examinei-a, peguei na sua ficha clinica vendo o seu historial. Esta rapariga encontrava-se em estado terminal da doença, suspirei e entrou a enfermeira. Mal entrou começou-lhe a tratar das feridas, pelo RX não tinha fracturado nada..mas era um milagre a pequena estar viva.
Passei por um rapaz, que também não me parecia bem.. estaria com alguma quebra de tensão?
- Peço desculpa, está tudo bem consigo?-perguntei olhando para o rapaz.

Afastei as mãos da minha cara olhando um médico e fitei-o.
-Está - disse rouco - queria saber uma coisa... - pedi - quando ele se endireitou - a Madeleine... ela está bem? - Perguntei não dando a minima se ele era médico dela ou não. Só queria sacar informação o mais rápido possível.

-Está, mas é um milagre rapaz. Com a doença que ela têm, não devia estar viva, é um milagre - repeti. - Podes ir ter com a tua namorada.-disse-lhe.

O meu corpo arrepiou-se todo quando ele falou numa doença.
-Am... eu estava a falar da Madeleine Paterson... - disse. Aquilo só podia ser um engano... tinha que ser.

Soltei uma gargalhada- Sim eu também , a juventude de hoje me dia - murmurei olhando para o rapaz. - Ela não te disse,que tinha cancro, mas no caso dela já não há nada a fazer -comentei- Ouve lá rapaz, eu conheço-te a ti e a ela! São famosos..muy bien

Oh meus deuses, ele médico era um maluco.
-Como assim não há nada a fazer? Há sempre algo a fazer! - quase que lhe gritei - e quem se importa por me conhecer? - Perguntei-lhe irritado e contornando-o entrando num quarto que supostamente deveria ser o seu. Ainda dormia e eu não podia acordar. Sentei-me num sofá que dava para recostar e olhei para ela.
-Acorda Mad - disse baixinho.

[Mad On]
Senti uma voz ao meu lado, e um cheiro caracteristico. Comecei a abrir os olhos, oh meu deus...onde estava?! - onde estou Thomas?-perguntei aflita olhando para ele, ia para me levantar mas uma dor forte no pescoço fez com que eu me deitasse. Coloquei o lençol a tapar a minha cara deixando-me totalmente encadeada pela luz.

Levantei-me quando a ouvi e ajudei-a a voltar a deitar-se visto que a teimosa quase que se levantou.
-Estás no hospital Mad, está tudo bem - garanti... Ou então está tudo mal. Suspirei.

Engoli a seco -Desculpa - murmurei ele estava aqui comigo, e se calhar queria ir fazer outras coisas. Sou mesmo uma empata.

-Não tenho nada que te desculpar. Desmaiaste e eu desta vez não te agarrei, apenas isso. - disse-lhe fechando as persianas e sentando-me em cima da cama ao seu lado. Fiz-la olhar-me - Tinha mesmo que saber tudo por médicos? - Perguntei acabando por lhe fazer festinhas no queixo.

Mal ele se sentou na cama puxei-o para mim fazendo-o deitar-se. - Eles contaram-te? - virei a cara para o lado contrario do dele e baixei o olhar- Pronto já podes ficar com pena , contaram-te que também só tinha mais três meses de vida?-respondi um bocado chateada com tudo, estava rabujenta por ter dores e oh meu deus. Aninhei-me nele escondendo a minha cara que derramava algumas lágrimas.

Deixei que ela chorasse tudo o que tinha a chorar e assim que os seus soluços melhoraram voltei a fazê-la olhar para mim porque queria que ela soubesse que estava a dizer a verdade.
-Eu não tenho pena de ti. Pelo contrário para além de estar seriamente chateado contigo por não me teres contado, acho-te uma das melhores pessoas que pode existir. - disse-lhe abraçando-a. Suspirei devagar, três meses era muito pouco tempo, mas no que dependesse de mim iria ser uma vida dela.

-Eu não te conseguia contar, desculpa mais uma vez.-confessei e puxei-o para mim olhei-o nos olhos - O que disseste no sofá era verdade?-perguntei referindo-me ao '' gosto de ti''.

-Não te tentes desculpar porque não faz sentido - suspirei. Olhei atentamente para ela enquanto me perguntava se o que disse no sofá era verdade e eu sorri. - Eu gosto de ti e continuo a gostar Mad.

-Fogo, eu explico. Já agora ficas a saber de tudo, quando eu soube que tinha isto decidi vir para londres para a casa da minha avó - sem dizer nada a ninguem- nem ela sabia, ou seja eu fugi... eu não gosto de sofram por minha causa percebes? E eu não queria que tu soubesses, nem ser tua amiga ou apaixonar-me por ti ou tu por mim para tu não sofreres.-disse-lhe e olhei-o nos olhos.

-E apenas ias esperar até morreres. Melhor! Ias continuar a viver a tua vida como se não tivesses nada e se desmaiasses e eu te perguntasse o que se passava tu dizias que era uma quebra de tensão. - suspirei. - Eu percebo-te Mad, a sério que sim. Os meus pais separam-se por minha causa, todos sofreram por minha culpa e por causa de um estupido acidente, mas foi melhor assim.

-Oh Thomas - abracei-o - Tu és forte e admiro-te por isso.