Hospital

Estacionei o carro de novo no parque do hospital e no lugar reservado para mim e sai do mesmo. Ajeitei os óculos e olhei para o relógio de pulso verificando que já eram horas de almoço. Como a comida do refeitório era óptima para quem não tinha muito jeito a cozinha como eu, dirigi-me para lá. Agarrei num tabuleiro e servi-me do que queria, sentando-me a seguir numa mesa algures no salão.

- Acho que o teu irmão fez merda suficiente para ser reconhecido como uma pessoa má... - Disse levando mais uma garfada à boca. - Mas sinceramente não em apetece falar dele. É daquelas pessoas que me dão azia. - Fiz uma careta e pousei os talheres, limpando os lábios.

- Não, fica! - Pedi sorrindo e olhando para a mesa ao lado por acaso. Nela situavam-se duas raparigas que olhavam para mim com uma cara de azia o que pensei de imediato ser pelo facto de me encontrar com ele na mesa. Ri-me divertida e aproximei-me ainda mais de Bryan deixando quase que acidentalmente o meu decote à mostra. - Fala-me de ti. - Disse olhando-o finalmente.

- Hm… - Fiz uma pausa para pensar. - Tens namorada? - Questionei. - Ahm…porque escolheste esta profissão e não seguiste as pisadas do teu adorável irmão? - Interroguei de sorriso nos lábios.

- Que problemas…? - Questionei curioso e coloquei um ar um pouco mais sério.

- Eu não fazia ideia… - Murmurei olhando para o prato e lembrando-me de Axl e a ultima vez que estive com ele. - Agora percebo o pavor dele com armas. - Deixei escapar bebendo um pouco do meu sumo de laranja. - Mas não vamos falar dele, fala-me mais de ti. Diz-me coisas que aches que deva saber. - Pedi.

- Vives perto de mim então! - Exclamei. - Vou fazer uma busca detalhada pela zona e ver qual é a tua casa para te ir violar. - Ri-me divertida e olhei de novo para as gajas da outra mesa que quase deitavam fumo pelas orelhas. - O que não era nada mal pensado. - Olhei-o tarada e agarrei na minha maça, dando-lhe uma trinca.

- Depois tratamos disso. - Pisquei-lhe o olho e sentei-me com as costas encostadas à cadeira, colocando as minhas pernas por cima das deles. - Querem provar? Lamento mas não está no bufet. - Disse para as raparigas que desviaram automaticamente o olhar. - Mas sempre podemos fazer uma orgia, é divertido. - Acrescentei e elas levantaram-se, indo embora dali. - Adoro! - Guinchei animada por ter conseguido o que queria.

- Eles não me vêm nestas figuras. Eu sei controlar-me mas odeio que me olhei com cara de puta quando estou com um gajo ainda para mais podre de bom e que dá vontade de morder. - Expliquei da forma mais natural possível.

- Faço! - Disse colocando o meu tabuleiro no sítio indicado. Peguei na minha mala e saltitei até ele. - E eu não penso isso do teu irmão, foi uma noite onde estávamos muito mal…nem me lembro bem para ser sincera. - Encolhi os ombros.

- És mesmo convencido. - Semicerrei e dei-lhe um soco no braço. - A tua sorte, é que és mais fofo que ele senão levavas. - Empinei o nariz e fiz uma cara amuada. - O que vais fazer aqui? - Questionei abrindo a porta da sala de convívio.

- Pois é, elas são fofinhas e dão vontade de apalpar mas só eu é que posso fazer isso quando quero. - Disse levando as mãos ao meu peito. - E outras pessoas em ocasiões especiais… - Acrescentei num misto de provocação. - Mas porquê precisas de bolas anti stress? Sempre tens as tuas…acho… - Pisquei-lhe o olho e mandei-lhe com uma almofada à cabeça.

- Não é para vocês. - Fiz um ar de santa e fui buscar um pacote de bolachas de fibra e cacau. - Para além do mais vocês usam as mãos apenas por motivos de força maior o que me faz rir muito porque há gajos que usam mais do que dizem. - Disse num tom de provocação. - Espero que não seja o teu caso. - Trinquei uma bolacha olhando-o e meti um pé em cima da mesa que nos dividia.