Hospital

Arregalei os olhos agarrando no carro e levando para longe.
-Estás maluca? Nem num espaço esterelizado estás! - alertei-a. - Só podes ser completamente marada - murmurei. Acenei para as enfermeiras lhe darem a anestesia - Vamos desmarcar algo menos grave. Fácil! - fui em direcção aos telefones e telefonei a vários médicos e não só conseguindo uma vaga. Corri até eles com tudo atrás de mim - temos duas horas para a cortas - avisei-a com um sorriso.

-Preciso sim - disse-lhe - não sou nenhum cirurgião cardiotorácico, a minha especialidade são cérebros - ri-me e vi a paciente a adormercer por causa dos medicamentos - anda lá - abanei a cabeça em direcção aos blocos.

Fui ao lado dela olhando-a divertido.
-Não me olhes de lado - avisei-a entrando na sala onde nos esterilizámos. - Acreditas mesmo que eu sou o Axl? - perguntei olhando-a enquanto lavava as mãos.

Preparei-me enquanto me acabava de preparar e entrei a seguir a ela. Era só o que mais faltava, já não bastava ser confundido por polícias e ter que apresentar tudo para dizer que não era Axl e agora até no hospital. Suspirei entrando no bloco onde já estava tudo preparado e fiquei à espera que a rapariga, que ainda nem sabia o nome, viesse ter comigo.

Coloquei o cateter que estava ligado a um recipiente com liquido e consegui ver o ar a sair dos pulmões dela. Fui eu que fechei a incisão que ela lhe tinha feito e a seguir a tê-lo feito espreguicei-me indo despir-me.
-Mas não me disseste como te chamas. Vais dizer-me?

-Desculpa, ainda não te tinha olhado para as mamas - respondi revirando os olhos. - Que má disposição. - resmunguei - Eu já te disse que não sou o Axl, agora tu acreditas ou não.

Respirei bem fundo abanando a cabeça - Whatever, Brayce - disse lendo o seu nome na sua bata e ignorando-a. Precisava de outro café o mais rápido possivel senão não me ia aguentar até à minha última cirurgia. Fui novamente para a sala de convivio onde estava, desta vez, mais pessoas e fui até à maquina de café sendo olhado por todos.
-Sim? - Perguntei para quem estava a olhar.
-Tu não és o Axl McDonell? - apeteceu-me dar uma cabeçada na parede mas em vez de isso suspirei.
-Não. Sou o Bryan. B R Y A N. - resmunguei saindo como café na mão para a zona dos dormitórios.

Passei por ela ignorando o seu comentário e apenas lhe respondi um: whatever, baixinho. Sentei-me numa cama bebendo o meu café em três goladas até ao fim e deitei-me na cama de barriga para cima com as mãos atrás da cabeça. Ouvi a aporta a abrir-se com uma brutalidade na normal e levantei-me vendo três policias com armas na mão a apontar para mim.
-Déjà vú - respondi-lhes colocando uma mão no ar e tirando com a outra os meus documentos mandando-os para um dos policias. Eles verificaram tudo e como não tinham nada contra mim apenas ficaram a olhar.
-Pedimos desculpa senhor. Telefonaram-nos dizendo que...
-O meu irmão estava aqui - assenti com a cabeça. - Está bem. - eles sairam não dizendo nada e eu voltei a deitar-me na cama. Agora aquilo já nem me perturbava, era apenas uma coisa normal que me acontecia praticamente todos os dias.

-Quem está aqui de mau-humor és tu, não sou eu. E eu não te tinha que te ter mostrado nada, nem me pediste - resmunguei sentando-me na cama e olhando-a. Abanei a cabeça com o seu pedido de desculpas - já estou habituado.

-O nosso mau humor e talento pode não ser de gémeos, mas a beleza é - ri-me levantando-me - Não tens que agradecer. - olhei para o relógio e vi que eram horas de uma das minhas operações. Fui até à minha papelada e lembrei-me da rapariga que me queria levar para a maca. - Por falar em beleza, tenho uma miuda para operar, quando é que vais embora? - Perguntei.

-Hoje nem vou a casa, vou fazer uma directa e agora vou começar as minhas operações - suspirei fazendo uma careta cansada. - Vai lá para casa divertir-te - inclinei-me para a sua bata em direcção ao seu peito - Brayce Lewis. Aconselhava-te a mudares a cor do teu nome, porque pessoas como eu gostam de ver de perto e isso torna-se perigoso - ri-me.

-Tanto posso estar, como não - respondi monstrando algum desinteresse falso e abri a porta. - Sorte e raparigas são coisas que não me faltam - ri-me e saí do dormitório - obrigado e até logo.

Olhei para Brayce com os olhos arregalados e abanei a cabeça espatado.
-Oh fogo - resmungou a rapariga - queria tanto leva-lo para a maca - disse parecendo realmente chetada mas depois começou a rir-se às gargalhadas.
-Só dizes disparates e ainda nem te dé-mos o liquido mágico - ri-me.
-Vou sonhar com o doutor. - disse com um sorriso bem grande no rosto e eu gargalhei. Fui desinfectar-me e entrei no bloco onde ela estava ainda acordada.
-Então bons sonhos - sorri-lhe enquanto via o anestesista dar-lhe algo para ela dormir. Quando ela adormeceu e parou de dizer baboseiras suspirei e comecei o meu trabalho.