Quarto de Ash Hunter

Já era quase dia quando cheguei ao meu quarto. Não valeu a pena deitar-me porque sabia que não ia conseguir dormir. Como era habitual durante a manhã pûs-me a fazer alguns exercicios, seguindo um ciclo de flexões, agachamentos, flexões, agachamentos... Não diversifiquei. Estava distraído. A minha mente vagueava na noite anterior. Sorri ao relembrar-me de Zoe.
Como que por destino recebi uma mensagems dela. Combinamos ver-mo-nos no refeitório dali a uns minutos.
Tomei um duche rápido e vesti uma jeans cinzentas com ums simples t-shirt branca.
Pûs o telemovel no bolso e fui para o refeitório.

Passou-me a sua camisa e fiquei arrependida por ter dito aquilo. Ficou apenas de t-shirt e não queria nada que ele ficasse doente por minha culpa. Vesti a camisa, sorrindo em forma de agradecimento e andámos até à universidade. Entrámos e dirigimo-nos ao dormitório dos rapazes visto que hoje íamos ficar no quarto dele. Entrei e tirei a camisa, ali já estava mais quente.
- Aqui está muito melhor. - esfreguei as mãos uma na outra, tentando aquecê-las. - Já sabes, hoje não escapas!

- Também não podia. Para onde é que me ia escapar? - Soltei uma pequena gargalhada. Tirei a t-shirt e troquei por outra mais gasta. Por agora manteria a roupa no corpo.
- Não tenho aqui nada femenino mas, queres que te empreste alguma coisa? - Peruntei, não sabendo se ela ainda ia ao dormitório dela.

- E mesmo que tivesses eu não deixava. - fiz-lhe uma careta.
Desviei o olhar quando o vi tirar a camisola e mordi o lábio tentando controlar os meus pensamentos.
- Uma camisola comprida chega, é que não desejo passar pelos corredores gelados novamente. - pedi.

- Se depender de mim também não sais de debaixo dos lençois até ser dia.
Procurei algo no meu armário que fosse o mais perto do adequado. Passei-lhe uma t-shirt larga e azul com um inscrição em preto que dizia "F-Word" - Espero que não te importes.

- Eu não sou como tu que se vai embora a meio da noite. - gozei-lhe. - Isso está muito bem. - peguei na camisola e agradeci.
Assim como ele o fez, troquei de camisola ali. Virei-me de costas, tirei a minha e enfiei aquela e tirei as calças, a camisola era comprida e por isso nem se viu nada demais.

Fiquei um pouco que a choque quando ela se viriu para trocar a camisola. Sabia que devia desviar o olhar mas não consegui. Fiquei o olhar para ela até que se virasse novamente para mim - Fica-te bem - Brinquei com ela.

Quando me virei novamente dei com ele a olhar para mim mas não disse nada.
- Acho que vou começar a frequentar as mesmas lojas que tu. - gozei.
Puxei por ele para a cama mas acabei por escorregar no tapete e cair em cima dela com ele por cima de mim. Momento mais constrangedor que aquele nunca irá haver.

Agora estavamos tão próximos um do outro. Sentia a respiração dela bater na minha cara. Elaborei um sorriso. - Bonita situação - Sabia que devia levantar-me e dizer a mim próprio que devia estar envergonhada mas não era capaz. Estar tão próximo dela deixava-me incapaz de raciocinar.

Controlei a minha respiração, estar assim tão perto dele mexia imenso comigo. Mostrei-lhe um sorriso quando falou e devagar levantei a cabeça, tentando chegar aos seus lábios. Quando estava próxima deles, fechei os olhos até que os senti tocarem nos meus. Beijei-os de leve, não fosse ele não querer aquilo e deixei a minha cabeça cair para trás novamente.

Uma vez que os nossos lábios se tocaram não houve volta a dar. Queria mais. Parecia que tinha esperado uma eternidade para que isto acontecesse que agora até parecia um sonho. Dediquei-me ao beijo assim com Zoe. Caímos para trás e continuei com os meus lábios colados aos dela durante um bom tempo. Acabamos por nos separar, já não havia ar. Olhei para ela não sabendo o que dizer.

Ele voltou a beijar-me e ambos nos envolvemos um no outro. Beijei-o delicadamente esperando que aquilo estivesse a ser tão especial para ele como para mim. Quando ambos ficámos sem ar, separámos os lábios. Ele ficou a olhar para mim, sem saber o que dizer e decidi ser eu a quebrar o gelo.
- Espero que isto tenha sido tão bom pra ti quanto foi pra mim. - olhei para os seus olhos, alternando a direcção do olhar para a sua boca também.

- É.
Foi a única coisa que disse. Senti-me arrebatado, estranho... mas feliz. Olhei para ela várias vezes tentanto compreender se era real ou se era só mais uma ilusão minha. Sem mais demoras voltei a colar os meus lábios nos dela, desta vez com mais força e determinação.

Senti os lábios dele colados ao meus novamente e desta vez deixei que a minha língua e a sua se conhecessem. Envolvi o seu corpo com os braços e juntei mais os nossos corpos.
Um monte de sensações estava a percorrer-me o corpo, todas elas boas. Aquilo era a coisa que eu mais desejava desde o momento em que o vi naquele vagão e agora tinha a certeza que ele me queria assim como eu o queria a ele.

Acho que nunca me tinha sentido tão surpreso em toda a minha vida. Estava a sentir sentimentos completamente novos que pareciam desafiar a minha vontade, e a do meu corpo.
O toque dos nossos lábios era quente enquanto as nossas se exploravam mutuamente. Involuntariamente senti o meu membro enrijecer e soube que devia recuar, ainda não era tempo para aquelas coisas mas deixei-me continuar perdido no beijo o tempo que desse.
- Só para que conste, não é normal isto acontecer com raparigas que salvo de bad guys - Sorri.

Levei uma das minhas mão às sua face e acariciei-a.
- Também não tenho por hábito beijar rapazes que me salvam dos bad guys. - sorri, começando a mexer-lhe no cabelo.
Ele continuava por cima de mim, sentia o calor do corpo dele embater no meu.

Olhei para ela , divertido - Então costumas fazer o quê aos teus salvadores?
Apesar da contravontade, levantei-me e tirei a t-shirt que ainda há instantes vestira. Eu pouco frio tinha, muito menos naquele momento. O meu corpo estava quente, ansioso. deixei ficar as calças na mesma. Não era assim tão insensato.

Vi-o levantar-se e tirar a camisola.
- Bem, tu foste o único salvador que tive até hoje, nunca estive numa situação daquelas... - falei com um tom de repulsa na voz mas agradecida por aquilo ter acontecido. - Mas até foi bom ter acontecido. Conheci-te. - afirmei.

- Foi uma forma perigosa para nos conhecer-mos, mas sim, ainda bem que aconteceu - dei por mim a sorrir novamente. Está a tornar-se um hábito constante quanto te vejo, Zoe! pensei eu. - Sendo assim, se estes beijos foram uma recompensa devia tê-los pedido mais cedo. - Acrescentei.

O sorriso dele era do mais reconfortante possível.
- Mas eles não foram uma recompensa. - neguei. - Quer dizer, podes considerar isso mas eu também quis que eles acontecessem... - sorri timidamente.

- A sério? - Uma réstia de mim ainda tinha pensado que teve de ser por causa disso, afinal porque quereria ela estar comigo? Comigo, o Ash Hunter de quem ninguém gosta...
- Fico muito mais contente por isso - Voltei a aproximar-me dela, na cama - Gostei. Muito.

- Eu era incapaz de beijar um rapaz só por recompensa. - esclareci. - Se não quisesse mesmo, não te tinha beijado. - expliquei. - Eu também gostei muito.
Por mais que eu quisesse, era impossível eu desviar os olhos dele.

Havia tantas e no entanto tão poucas palavras para dizer. Os nossos olhares estavam centrados um no outro e eu sentia-me incapaz de desviar o olhar, por qualquer coisa que fosse.
- Eu também não beijo ninguém de ânimo leve.

- Eu não tenho muita experiência nestas coisas... - admiti. - A verdade é que mexes comigo e não sei como consegues, nunca ninguém conseguiu, pelo menos nunca desta maneira. - aproximei-me dele pousando a cabeça no seu peito nu.