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Apertei o pescoço dele com força enquanto também fazia pressão nas minhas pernas, mas ele era forte e demasiado grande ao ponto de conseguir levantar-se e de me dar um soco que me fez sangrar o nariz. Vi que agora também ele estava desarmado, mas quando fui tentar alcançar a faca ele pegou nela primeiro, encostou-me à parede colocou a lâmina no meu pescoço. Olhei para ele pelo canto do olho, apesar de ele estar à minha frente.
-Escolheste bem em salva-la - sorriu ele - sabes, eu não me importo ir preso, estar lá dentro é melhor que cá fora. - senti uma pressão sobre o meu pescoço e depois algo quente a descer, mas ele não tinha feito praticamente nada. Respirei fundo e antes que fosse tarde de mais alcei a perna e dei-lhe um pontapé naquela barriga nojenta. Ele andou dois passos para trás e olhou-me irritado saindo do quarto e indo para o corredor. Ainda fiquei um bocado parado sem saber o que fazer, pela primeira vez na minha vida, só depois é raciocinei. Ele ia mata-la.

Ouvi a porta a bater e olhei para ela na esperança de sair de lá Axl mas quando vi aquele corpo pouco mais baixo que ele a sair do quarto comecei a correr para fora dali. Não fazia a minima se estava vivo ou morto, por isso estava a entrar em pânico e não sabia por onde ir e corri por toda a sala tentando esconder-me dele até que ele me apanhou e esfaqueou-me umas quantas vezes na barriga até eu estar deitada no chão e mal me sentir ali. Via tudo ás voltas e mal respirava. Sentia o sabor do sangue na minha boca e garganta e quando tentei olhar para o lado apenas vi uma poça de sangue. Então, eu não morri das diversas vezes que me tentara suicidar para morrer agora? No dia em que me tinham dito que me amavam? Talvez fosse um bocado do meu sonho, o começo de todo ele, e talvez ele estivesse arruinado, mas... mas não podia ser assim. Não podia ser assim a minha morte. Esfaqueada por um inimigo de Axl... isso era... isso era... isso era tão injusto, tão confuso, tão.. opá. Isso era apenas horrível. Quer dizer, porquê agora? Porquê no momento mais feliz da minha vida? Ouvi zumbidos de passos à minha volta e percebi que ainda era o gajo.
-Sabes porque é que eu fiz isto? - ajoelhou-se junto a mim e vi os seus calções a mancharem-se do sangue que estava no chão - Porque por tua culpa o meu irmão está morto. - tentei cheia de dores raciocinar quem é que morrera por MINHA culpa mas antes que lá pudesse chegar ele explicou - Depois de ele te ter raptado. Está bem, ele não era uma boa pessoa. Mas ele era a única pessoa que tinha. O meu maninho. E por tua culpa e do Axl ele morreu. E agora, vão ambos ver como é perder alguém. - se eu conseguisse responder, mandava-lhe uma boa resposta, mas não queria desperdiçar energias ainda.

Desci as escadas atrapalhadamente não vendo Amanda e conseguindo apenas distinguir a cabeça do gajo por trás do sofá. Agarrei com força na minha faca ao perceber o que ele fez quando vi um liquido vermelho no chão. Senti o meu coração a acelerar e respirei fundo ganhando coragem.
Não murmurei baixinho quando a vi no chão praticamente morta. Engoli em seco e senti tamanha raiva daquele homem que estava à minha frente a vê-la morrer sem sequer reparar em mim que lhe rasguei as costas desde o pescoço até à zona do cóxis fazendo o seu sangue misturar-se com o dela. Dei um pontapé ao homem que ainda estava vivo mas demasiado fraco para se levantar e agarrei em Amanda arrastando-a para um lugar mais limpo.
-Amanda - murmurei colocando-a no meu colo e olhando para os corte profundo que ela tinha abdómen. Estiquei-me para o telefone, aflito por ela não reagir e antes de telefonar para uma ambulância procurei a pulsação dela não a encontrando à primeira.

Fiquei ao colo dele tentando falar sentindo-me tão, mas tão mas tão mal... não só por dentro como por fora... É só que... bem, imaginem-se no meu lugar. Imaginem o que é passar 19 anos a perder tudo, tudo, tudo e quando finalmente há algo que goste mesmo de mim, que não acabe a gostar mais da minha prima, eu sou esfaqueada. Era isto que eu queria? Definitivamente absolutamente não. Sonhei o feliz para sempre durante muito tempo e quando já tinha desistido da ideia e quando finalmente ela reapareceu apagou-se em duas horas e eu sentia-me ... sentia-me culpada. No final era tudo culpa minha. Porque eu tinha de desconfiar do Axl, porque eu tinha de desligar o alarme... e se não o tivesse feito, nada disto teria acontecido. Estúpida, estúpida, estúpida.
-Axl... - murmurei com uma voz baixinha, rouca e seca e levantei a mão devagar colocando-a em cima do telemóvel dele - Ligues ou... não ligues... eu vou sempre... morrer - gaguejei ainda com essa voz. Embora me fosse dificil admitir era a verdade - E se ligares... vais parar à prisão....

-Não digas parvoíces Amanda - resmunguei chamando a ambulância. Enquanto ela vinha não deixei que ela fala-se mais nada a dizer que ia morrer, porque não ia. Quando a vieram buscar e a colocaram numa maca um polícia veio ter comigo.
-Em legitima defesa - defendi-me apontando para Amanda que estava a ser transportada para a ambulância. O problema é que o polícia conhecia-me e não me ia deixar safar assim do nada.
-Não tenho provas contra ti a dizer que és culpado - resmungou - mas prepara-te para ires a tribunal por causa disto.- encolhi os ombros.
-Como queiram. Posso ir? - Perguntei vendo uma das portas a fecharem-se. Ele assentiu e eu dei-lhe as chaves da casa para poderem investigar o quisesses. Eles não me apanhavam por causa das drogas, não tinham provas e mesmo que tivessem eu tinha o meu advogado a dizer-me que eu era um esquizofrénico que não sabia o que fazia. Entrei na ambulância encostando a um canto enquanto via os paramédicos a tratarem dela.

Fechei os olhos enquanto era levada na ambulância e observava Axl ao longe a falar com a policia. Ainda estava totalmente zonza e cheia de dores mas começavam-me a dar analgésicos para as dores e isso tudo. Apesar disso, ainda me sentia mal e tinha as roupas cheias de sangue. Quando abri devagar os olhos já estava a ambulância a caminho e consegui ouvir o barulho dela a ultrapassar todos os outros carros na estrada.
-Axl? - chamei ainda com a voz rouca, tentando procurá-lo sem me conseguir mover.

Os médicos não me deixaram aproximar-me muito mais. Começavam a ralhar com ela a pedir-lhe para não se mexer e para se calar e até falaram em lhe dar algo para ela dormir.
-Sim - mostrei que a estava a ouvir e toquei-lhe numa mão.

Estava toda arrepiada mas precisava de lhe dizer aquilo. Não confiava naqueles paramédicos ou em qualquer outro e sabia perfeitamente que ia morrer. Mas afinal, merecia-o. Ou era eu ou era Axl, e a culpada tinha sido eu, portanto... acho que é justo. Apertei-lhe a mão com as poucas forças que tinha sentido cada vez mais o sabor a sangue na minha boca.
-Preciso que saibas uma coisa antes que eu morra.... - sussurrei sem olhar para ele.

Bufei já zangado com aquela porcaria toda.
-Para de dizer asneiras Amanda, não vais morrer, estás entregue a médicos - apontei para eles apesar de ela nem estar a olhar para mim - Diz-me o que queres dizer e poupa esforços.

Fuck you, pensei. Eu ali toda fofa a morrer e ele tinha de me tratar assim... Continuei como se ele não tivesse dito a última parte e apertei-lhe ainda mais a mão sentido as minhas unhas a carregarem na sua pele.
-Eu preciso que saibas que ... que... eu te... - amo. Bem, a última palavra ficou presa na minha mente quando as máquinas do coração dispararam e eu fechei de vez os olhos, deixando de sentir, ouvir, respirar e até o próprio sabor a sangue da minha boca desapareceu aos poucos sem saber o que me acontecera. E Axl não tinha ouvido a tempo. Great

Arregalei os olhos quando ouvi as máquinas e senti o peso que ela fazia sobre a minha mão esmorecer. Os médicos empurram-me para trás e iniciaram a contagem. Cerrei os dentes encostando-me o máximo possivel ao plástico da ambulância e respirei fundo enquanto me concentrava no som da ambulância. Anda porra. Chega de vez ao hospital.
Quando voltou a ouvir um bip levantei-me sentindo uma pancada porque aquela ambulância era demasiado pequena.
-Voltou ao normal - ouvi os médicos dizerem e deixei a cabeça cair para trás, aliviado. enquanto recebia a noticia.