Escritório / Biblioteca

Fiz uma careta encolhendo os ombros.
-Se estás para me gozar, podes ir embora. - resmunguei estincando os pés em cima da mesa pegando no livro rasgado e desfolhando-o distraidamente.

E com aquela resposta, comecei a rir-me mesmo.
-Eu não estava a gozar.... eu só... - procurei na minha mente a palavra certa - achei piada! - esclareci. Tirei-lhe o livro da mão e fiquei perto dele, olhando-o nos olhos - Então tu estás preocupado com o que me possa acontecer? - repeti

Resvirei os olhos com um suspiro -Porque é que não haveria de estar? - perguntei. - Já te aconteceu tanta coisa depois de estares comigo - olhei para o mão dela e peguei nela com cuidado.

Arrepiei-me com a resposta dele e sorri, orgulhosa.
-Nisso tens razão... - concordei de mão dada com ele. Aquilo tinha sido bem fofinho, quer dizer... O Axl preocupava-se comigo, a sério?

-Por isso não queria que acontecesse mais nada - expliquei tocando nas suas unhas. - Porque tu sabes que eu és importante para mim. - Engoli em seco sentindo que podia explodir a qualquer momento. Aquela tinha sido tão má. Suspirei.

Esbugalhei os olhos e abri a boca com aquela resposta. Fiquei em silêncio com o coração a bater, depressa e mais depressa até que me senti a tremer.
-Eu... eu sou importante para ti? - acabei por perguntar sem olhar para ele.

Olhei para ela vendo a sua admiração em eu ter dito aquilo e fiz uma careta - pensas assim tão mal de mim para pensares que não me importo contigo? - Perguntei olhando por momentos para ela mas depois descendo o olhar novamente, para as nossas mãos.

Soltei uma gargalhada seca ao ouvir aquilo. Não era bem a resposta que eu estava a espera e/ou queria, mas... também funcionava. Segui o olhar dele para as nossas mãos.
-Não sei, tu és... complicado. - expliquei com um tom de piada para que ele percebesse que eu não estava a falar bem a sério, mas estava.

-Eu não sou complicado - resmunguei abanando a cabeça.
Levantei o meu olhar e levantei-me à frente dela beijando-a como fazia raras vezes, apenas porque me apetecia.

Estava prestes a responder quando ele me beijou de uma maneira estranha que raramente beijava, o que me fez arrepiar a espinha novamente.
-Para que foi isso? - perguntei quando os nossos lábios finalmente se separaram.

Revirei os olhos enquanto me afastava calmamente.
-Porque é que quando um gajo decide ser querido, as gajas têm que fazer a pergunta mais estúpida à face da terra? - Pergunte levantando uma sobrancelha e olhando-a nos olhos.

Soltei uma gargalhada seca ficando com o maior sorriso que alguma vez tinha feito na cara.
-Querias que dissesse o quê? - interroguei mas antes que ele pudesse responder continuei e incentivei-o - O que queres dizer com isso? Vá, sê directo logo homem! - Amanda, estás a sentir-te bem?

-Não há nada para ser directo Amanda, eu já te disse que não quero que ninguém te faça mal, já te disse que és especial para mim - encolhi os ombros - o que queres que diga mais? Tu não és assim tão burra.

Ele era um drogado, ele estava a ser mais querido do que o costume e eu já tinha percebido. Mas eu sou uma rapariga romântica, sonhadora, que sonha com um grande amor, mesmo que seja ele um drogado.
-Eu quero que tu me digas tudo. - pedi carregando na última palavra - Por favor? - acrescentei

Abanei a cabeça suspirando - isto sobe-te mesmo o ego não sobre? - ri-me olhando para a janela apenas para me verificar se estava tudo bem - Queres que comece por onde? - Perguntei - sabes a história toda, começa desde o dia do bar, em que te conheci.

-Quero saber tudo o que vem daqui - pedi com um tom de gozo e coloquei a mão no peito dele, do lado esquerdo. Ele era esquizofrenico mas sabia onde era o coração, ou não? - Vá tu consegues - pedi e aproximei a minha cara da sua. Talvez estivesse a pedir um bocado de mais, mas... pronto não havia problema.

Sorri levemente voltando a revirar os olhos.
-Amanda, eu gosto de ti. - disse de uma vez tocando na mão dela que estava no meu peito, do lado do coração. Dei-lhe um beijo leve nos lábios e olhei para os seus olhos.

Fiquei a olhar para ele e senti uma lágrima de felicidade a escorrer-me pelo olho. Aquele era o ponto mais alto da minha vida, o clímax, nunca na vida me sentira tão feliz como naquele momento. Quer dizer, o Axl... ele gostava de mim... ele gostava de mim.... awwww. E tinha-me acabado de dizer aquilo. Na cara. Nos olhos.
-Continua. - pedi traiçoeiramente em vez de lhe dizer que também gostava dele.

-Amanda, o que queres que eu te diga mais? - Perguntei abanando a cabeça. Eu aqui, todo querido, ou pelo menos a tentar sê-lo e ela continuava a pedir-me para continuar? Ela não tinha percebido? Respirei fundo arrependidode lhe ter contado o que sentia e afastei-me ligeramente.

-Oficializa. - pedi com um sorriso malicioso e cruzei os braços.
(lálálá)

Levantei o sobrolho com o que ela me tinha pedido.
-Oficializo? - Pergunteu confuso - queres que eu te peça em namoro? Tipo à velho?

Olhei para ele com uma face irritada. A sério? Velho? Eu queria um rapaz a dizer-me aquilo assim nos olhos há anos, não era infantil, era romântico, merda. Era a coisa mais fofinha que alguma vez eu ouvira.
-Não é 'à velho'! - contrapus fazendo o gesto de aspas com os dedos - Faz lá isso por mim, por favorrrrrrrrrrrrr! - pedi como se fosse uma criançinha pequena a pedir doces aos pais.

Ri-me com a forma como ela ficou, completamente irritada e dei-lhe um encontram, olhando-a nos olhos e pegando-lhe na mão como se a fosse pedir em casamento. Revirei os olhos com o meu pensamento
-Queres namorar comigo? - Perguntei fazendo uma careta porque aquele não era de todo o meu género.

Olhei-o e fiz um sorriso, sentindo-me tããão bem. Aquele momento, aquelas palavras, aqueles sentimentos, eram o que fazia como todos aqueles meses tivessem valido a pena. Mas um momento de gozo agora não ia fazer muito mal... certo?
-Não! - respondi tirando um sorriso e fazendo uma cara de amuada.

Fiquei a olhar para ela, parado completamente paralizado.
-A sério? Fizeste-me perguntar esta porcaria para agora me responderes não? - perguntei começando a ficar chateado e revirei os olhos virando-me para a janela.