Escritório / Biblioteca

Uma semana depois
Mandei a porcaria do livro para cima da secretária e revirei os olhos. Não havia nada sobre medicina, a sério? Uma biblioteca digna de ser municipal e não havia nada de jeito. Suspirei indo até à janela e vendo ao longe uma figura que eu conhecia de algum lado. Abri a janela, mas no momento em que me distraí a fazê-lo não o voltei a ver. Fiz uma careta e olhei para o chão, que estava longe devido a estar no primeiro andar. Desloquei um armário e procurei pelo alarme ligando-o.

Enquanto Axl e eu procuravamos os livros vi a pausa dele para ligar o alarme e arrepiei-me.
-O que se passa? - perguntei já com a minha mente a imaginar o pior e fui até ele, colocando as minhas mãos nos seus ombros.

Levei a mão atrás do meu pescoço e fiz uma careta.
-Estava ali um gajo. -fiz uma careta - por favor, não vamos falar mais daquilo que estás a pensar - pedi sabendo que ela não ia acreditar em mim.

Olhei-o nos olhos com uma cara séria.
-Já tomaste os teus comprimidos de hoje? - perguntei, desobedecendo à regra dele e tocando no assunto. Olhei lá para fora por alto e não vi estreitamente homem nenhum, simplesmente um movimento nas árvores, que poderia ser um pássaro, um esquilo, ou qualquer outra coisa incluindo o VENTO, bolas!

Revirei os olhos saindo da frente dela para não me irritar mais do que já estava.
-Tomei Amanda, tomei a porcaria dos comprimidos - resmunguei voltando a colocar a estante no sítio, pegando num livro à sorte e sentando-me em cima da mesa enquanto o desfolhava.

Sentei-me à frente dele. Aquilo significava que algo não estava a funcionar, que ou ele tinha voltado às drogas, ou estava me a mentir sobre os comprimidos, ou eles simplesmente não estavam a funcionar e isso significava... bem, não sei o que significava, mas era algo mau.
-Axl! - chamei à razão e arranquei-lhe o livro das mãos rasgando-o, mas ignorei continuando a refilar - Voltaste a tomar drogas?

Percebi que a minha cara ficou completamente atónita com aquela pergunta.
-Oh desculpa, mas como eu sou um drogado mesmo se te disser que não, que não voltei às drogas eu posso estar a mentir e tu vais ter que ir verificar se a minha mala está cheia ou vazia. - revirei os olhos - E obrigado por teres estragado o único livro de medica que tinhamos. - voltei a pegar nele.

Levantei-me e fui buscar a sua mala à sala voltando minutos depois.
-Muitos parabéns, acertaste! - exclamei antes de sair e quando voltei suspirei - Pronto está bem, tinhas razão, feliz? - admiti e atirei a sua mala vazia para uma cadeira - Mas se calhar era melhor isso do que os comprimidos não estarem a dar resultado... - disse baixinho

Dei uma pancada sobre mesa farto daquela conversa.
-Amanda, porque é que achas que são as porcarias dos comprimidos que não funcionam? Porque é que simplesmente não podes acreditar que vi um gajo? Não é a primeira nem ultima vez! - Disse num tom alto revirando os olhos

-Acalma-te! - gritei num tom em que se podia ouvir dois andares a cima, no momento em que ele bateu com as mãos na mesa - Como é o homem? - interroguei, dando-lhe o beneficio da dúvida que lá no fundo no fundo não havia.

Cerrei os dentes tentando lembrar-me do que tinha visto, mas a cara do gajo não me vinha à cabeça. Respirei fundo e olhei para a janela.
-Não me lembro - engoli em seco. - Vá, continua com o teu sermão. - pedi farto desta porcaria toda de vida.

-Axl, algo se passa. - declarei minutos depois e aproximei-me dele calmamente. - Se voltares a ver esse homem, dizes-me? - pedi e comecei a fazer-lhe festas no cabelo para que ele nem ficasse de mau humor nem triste.

-Sim, algo se passa, é que tu não acreditas em mim. - declarei sentando-me à frente dela. Coloquei o cotovelo na mesa e apoiei a minha cabeça sobre ele tapando os olhos. - Está bem, eu digo-te quando te vir a aparição do fantasma - gozei.

Levantei-me e peguei num livro que tinha visto à pouco caminhando para fora da sala.
-Está bem então. - assenti secamente e saí sem dizer absolutamente mais nada, dirigindo-me à cozinha.

Deitei a cabeça na mesa e dei leves cabeçadas nele. Ela, antes acreditava mesmo quando eu não dizia a verdade e agora que eu jurava a pé juntos que o tinha visto, ela simplesmente ignorava. Fui de novo para a janela e suspirei dando-lhe um murro e tapando as mãos com a cara novamente.

Enquanto bebia a minha água ouvi sons do escritório. Bolas, aquele rapaz era dificil. Olhei para o copo e mexi a água, bebi-a num só gole e voltei lá, encostando-me à porta.
-Axl, acalma-te. Mesmo que esteja ai um homem, o que é que ele pode fazer? - aproximei-me dele e coloquei as minhas mãos quentes no queixo frio dele - Safaste-te estes anos todos e não é agora que te vai acontecer nada, okay?

Abanei a cabeça olhando para Amanda.
-Tu não vês que eu estou óptimo? - Perguntei - Eu não tenho culpa que tu não consigas acreditar em mim, eu tenho esta porcaria à anos e sempre acertei e agora tu... - abanei a cabeça desistindo dos meus argumentos.

Suspirei de raiva e contei até dez mentalmente para não desatar aos gritos com ele.
-Está bem, mas mesmo que esteja lá um rapaz.... - respirei fundo e continuei - Mesmo que esteja um gajo lá fora não nos consegue vencer. - sorri - Tu e eu somos inconvencíveis! - acrescentei e soltei uma gargalhada sarcástica.

Levantei uma sobrancelha.
-Tu eu e o alarme ligado. Não quero que entres em pânico outra vez e sejas raptada novamente. - acrescentei revirando os olhos e sentando-me em cima da mesa.

Tal como ele, revirei os olhos e fui até ao alarme desligando-o.
-Isso já é paranóia. Agora quem está em pânico és tu - declarei enquanto escrevia a sequência para se desligar. Quando já estava em modo off, virei-me para Axl novamente - O som dos alarmes é irritante, e basta um gato para os acender.

Claro, eu sabia. Ela tinha nada na cabeça?
Encolhi os ombros e fingi-me de desinteressado.
-Está bem faz como quiseres. - coloquei o braço sobre o parapeito da janela e suspirei não percebendo o porquê de ela ficar assim. Eu tomava os comprimidos, não andava a ver coisas.

Aproximei-me dele e fiquei na mesma posição dele na janela.
-De que é que tens medo? - perguntei, não imaginando Axl a sentir esse tipo de coisas.

Olhei para Amanda e suspirei.
-De nada, só não quero que te aconteça nada. Não tenho muitos inimigos, mas os que tenho são perigosos - baixei a cabeça com um sorriso fraco. Estúpido, esta rapariga estava-te a deixar estupido.

Assenti soltando um som da minha boca para ele perceber que não o tinha ignorado, e dei uma gargalhada. Ok, aquilo até era fofinho.
-Então, tu tens medo que algo me aconteça? - perguntei para o ouvir a repetir aquilo, forçando o som no me para ele perceber onde eu queria chegar.