Quarto de Mia

Meg correu para a sala e eu subi as escadas, espreitando para o quarto de Mia. O Tom estava lá, tal como Meg me tinha dito, e estava a beijar a minha irmã. Sorri e continuei a andar, deixando a porta entre-aberta sem querer.

-Francis! Então, o que é isso?-refilei mais zangada que o normal, odeio que não tenha privacidade.

Ouvi Mia chamar-me e regressei ao quarto dela. O seu olhar sério e zangado confundiu-me.
- O quê? Só espreitei, para ver se cá estavas!
Revirei os olhos e fitei-a.

-Sim, imagina que tinhas visto outra coisa? Já não sabes bater?- Levantei-me ficando frente a frente com ele.

- Não vi, pois não? Sinceramente acho que não há necessidade de agires dessa maneira.
Começava a ficar irritado.

-Sabes como odeio quando fazes isso, mas não é por isso que estou assim. - Peguei numa caixa dele mas que eu tinha no meu quarto e tirei um pacote de droga pura. -E isto?-perguntei de forma baixo porque o Matt estava lá e não tinha de levar com isso.

Olhei-a sem piscar os olhos e mantive-me imóvel.
- Isso é passado, sabes muito bem disso. Sabes que não toco em drogas á mais de 6 meses, sabes que já me deixei disso, porque é que na mesma vens com o assunto? Assunto esse que nem tem nada a ver com a outra conversa! Sabe-te bem ver-me sofrer? E se eu antes tivesse descoberto essa caixa e encontrado a droga e caísse de novo na tentação? Mia, és minha irmã, não és minha mãe, nem tens o direito de mexer nas minhas coisas, nem de as manter contigo durante meses e meses!
Virei costas e abandonei o quarto bruscamente, contendo as lágrimas nos olhos.

Fiquei imóvel no mesmo sitio e deixei as lágrimas rolarem pela minha cara, ele tinha razão...eu não era mãe dele, e não devia ter mexido nas minhas coisas, mas o que ele me disse magoou..bastante até.
Tirei a roupa ficando de roupa interior, puxei o meu pijama vestindo-o logo de seguida. Não conseguia chorar, estava meio que em choque. Sentei-me ao lado do Tom, e esperei pela empregada.
Fitei o chão sem pronunciar nenhuma palavra, suspirei fundo antes de me deitar para trás a e dar um beijo ao Tom. -Desculpa, desculpa isto. Não tinhas de levar com isto.

Ela também te adora, sabias? - tentei sorri mas toda a minha felicidade tinha ido mal ele disse o que disse.
Encolhi os ombros. -Ele já é homenzinho.-suspirei e pousei o tabuleiro em cima da cama, deixando-o comer...tinha perdido a fome completamente.

- Mia o que é que se passa? - Questionei após mastigar o que tinha na boca. Puxei-a para mim e sentei-a ao meu colo. - Fala comigo. - Pedinchei beijando-lhe o pescoço.

-Oh é o Francis, mas deixa estar...agora estou contigo quero aproveitar. - tentei sorri e depois puxei-o para mim sentindo o seu corpo colado ao meu, envolvi os meus braços á volta dele e suspirei fundo.

- Mas não te livras de me contar o que se passa. - Disse mordendo-lhe levemente o pescoço. - Cheiras a coco ou é impressão minha? - Questionei cheirando o pescoço dela de uma ponta à outra.

Pousei o tabuleiro no chão, logo após ele comer tudo. Encostei a minha cabeça ao seu ombro e suspirei. É coco -sorri e puxei-o para mim dando-lhe um beijo suave nos lábios.

Estava a ficar preocupada com o Francis, onde é que ele se meteu? Hoje foi um dia extremamente exaustivo em termos psicológicos.
Ouvi um zum-zum, vindo do Tom...será que tinha dito alguma coisa?
Embebida nos meus pensamentos como estava, não devo ter ouvido nada.

-Ah...pois...deve ter sido o Francis - baixei o olhar e encolhi os ombros, enquanto largava um suspiro. - E acho que a Megan acordou, com o barulho do Francis ou então ...deixa cá ver.- olhei para o relógio vendo as horas. - Está a ver os ursinhos carinhosos, e dentro de quarenta minutos adormece no sofá.-a minha vida era tão monótona ao ponto de todos os dias á mesma hora, ao mesmo segundo as mesmas coisas acontecerem.
Dei-lhe um beijo leve nos lábios e fui trancar a porta. - Queres ir já dormir? - perguntei sorrindo, enquanto tentava escapar ao assunto.

Tirei o pijama, ficando em roupa interior, estava frio e ele assim aquecia-me... sorri ao passar-me esse pensamento.
-Amanhã eu conto...fica prometido. - deitei-me ao lado dele e olhei-o nos olhos. - Acordas-me antes de saíres , pode ser?-pedi-lhe sorrindo.

Os dedos deles em contacto com a minha orelha faziam-me arrepiar.-Eu também te adoro, parvo!- assegurei-lhe brindando-o com um sorriso.

-Querias, o parvinho aqui és tu. - rocei o meu nariz no dele sorrindo. - Vens fazer uma tatuagem comigo?- olhou para mim, desta vez mais sério que o costume - Sim - respondi sem pensar.