Rua

Beijei-a e sorri.
- Cheiras, por acaso.
Observei-a enquanto se punha em pontas de pés e ri-me.
- Então espero que te divirtas por muito tempo.
Sorri.

Se tu quiseres, vou divertir-me por muito tempo - sorri e senti o seu telemóvel vibrar nos seus bolsos. - Vais para casa?

(vi que a meg te mandou uma mensagem)

Sorri. Retirei o telemóvel do bolso e respondi a Megan.
- A Megan está sozinha em casa...
Olhei em volta dando a mão a Cally.

-Queres ir para casa? -Voltei a perguntar-lhe e começámos a andar novamente pela rua.

- Se quiseres. Ela disse que não era preciso. Via para o computador, provavelmente para ver os ursinhos carinhosos... Só começam daqui a duas horas na tv por isso.
Continuamos a andar.

-Eu estava a falar de tu ires, mas se quiseres que eu vá - sorri e olhei para as nossas mãos. Não conseguia acreditar no que estava a acontecer. - mas ela não devia estar sozinha em casa - acabei por dizer

- Se estás comigo vais comigo, Cally. Então anda, vamos para casa.
Sorri e dei-lhe um beijo na testa.

Sorri e apertei as nossas mãos.
-Então vamos lá.

responde tu primeiro em casa.

-Então acho que não te chamas Madeleine - ri-me e peguei nos comprimidos e carteira colocando-os nos bolsos.
Saímos de casa e começamos a andar em silêncio, ele não era pesado nem nada que se parecesse, pelo contrário por vezes os nossos olhares chocavam e perdiam-se um no outro, mas mesmo assim... eu não gostava daquele silêncio. Tinha medo do que ela pudesse estar a pensar sobre mim e sobre ela, ou sobre nós.
-Vamos apenas andar? - Perguntei tentando quebrar o silêncio e ela apenas assentiu e pareceu-me vê-la mais pálida. - Estás bem Mad? - Perguntei olhando-a. Ela voltou a assentir e eu não quis ser chato por isso continuamos a andar. Veio-me à memória a cena de hoje na casa de banho, tinha entrado num pânico completo, coisa que apesar de já me ter acontecido não foi das melhores.
Por momentos, estava tão absorvido nos meus pensamentos que apenas senti os dedos de Mad a roçarem no meu casaco para depois a ver cambalear e cair ao mesmo tempo que apareceu um carro vindo do nada. Fiquei estático ao vê-la voar para longe de mim e só depois quando um homem saiu do carro é que recuperei correndo até ela.
-Mad- chamei batendo-lhe suavemente na face pálida, mas ela nem um dedo moveu. - Madeleine... - cerrei os dentes enquanto via o condutor que a tinha atropelado ao telemóvel a chamar uma ambulância - Mad, não morras estás a ouvir? - Pedi - não morras.

Sorri irónicamente.
- Amava fofinha, mas acontece que agora tu és o meu trabalho.
Revirei os olhos quando a vi com o grupo de amigos dela e com o Joshua. Acenei-lhe e ele fez o mesmo. Tinhamos sido grandes amigos no sétimo ano, agora éramos só amigos.
- Sam-Samuel - ele corrigiu-se - O Syler e os outros estão lá atrás. - ele apontou para um grupo de três rapazes que estavam sentados no chão encostados ao muro.
Coloquei uma mão na cintura dela e sorri.
- Porta-te bem maninha. Vou estar de olho.
Afastei-me dela e fui até eles.
- Sammy! - sorri e cumprimentei-os a todos. Depois sentei-me entre o Syler e o Dougie.
- Agora andas com a irmã atrás ou atrás da irmã?
- Ela não é minha irmã Syler. Ela não me é nada. - tirei um cigarro e acendi-o. Encostei-me ao muro enquanto falava com eles, mandava o fumo pela boca e ficava a olhar para ela.

Suspirei e sentei-me ao colo do Joshua beijando com algum afinco. Ele colocou as mãos na minha cintura e tentamos sair de onde estávamos sem ninguém ver. A Susan chamou-me e eu ignorei continuando a andar com Joshua que me agarrava de uma forma diferente.Ele perguntou-me se não queria droga, eu recusei e ele continuava-me a obrigar. Já estávamos afastados do grupo, colocou-me um pano branco no meu nariz, o cheiro era forte o que me fez desmaiar caindo nos braços deles. Joshua largou um sorriso e tentou colocá-la no carro.

Apaguei o cigarro e levantei-me quando não a vi.
- Já volto people. - eles sorriram.
Fui até à Sarah-Sandra-Susan, era Susan.
- Viste a - estúpida- da Ely?
Ela apontou-me para o local onde os carros estavam estacionados.
O Joshua estava a mete-la dentro de um carro. Fui a correr até ele e dei-lhe um soco na barriga, seguido de um na cara e um pontapé no joelho.
- Estás a passar-te meu? - dei-lhe mais um pontapé desta vez na barriga o que o deixou deitado no chão.
Comecei a dar palmadas nas faces dela.
- Caralho Ely! É o meu primeiro dia como teu guarda-costas e já estás a fazer estas merdas? - estava completamente passado. A gaja era mais parva do que eu pensava.

Sentia-me tonta, acordei lentamente vendo o Samuel á minha frente. Levantei-me do carro e a furia contida em mim era de bradar aos céus. Dei um pontapé nas partes baixas do Joshua. és mesmo estúpido - murmurei dando-lhe outro ainda mais forte que o fez gemer de dor. Não liguei a mais nenhum deles os dois e saí dali indo dar uma volta, oh meu deus eu estava quase a ser...violada ou o quê? estava nervosa e só me apetecia chorar, mas nao ia fazer ... muito menos na rua. Sentei-me num dos bancos lá para a frente e tirei os phones deixando-me a ouvir musica enquanto via as pessoas. Vários rapazes me olhavam e se metiam comigo, temos pena que não sou nenhuma puta.

- Afasta-te dela Joshua! Não quero arranjar mais problemas contigo!
Fui até ao meu grupo. Quando o Syler me viu com um ar preocupado, estendeu-me o casaco o qual eu vesti.
- Vai lá atrás da tua miúda rebelde desaparecida.
- Vai deixar de estar desaparecida e de ser rebelde! - ajeitei o casaco - Ah! E não é minha! Depois vemo-nos malta.
Despedi-me deles e comecei a caminhar. Ela estava sentada num dos bancos com os phones nos ouvidos.
Sentei-me ao lado dela e arranquei-lhe aquilo.
- Tu és mesmo estúpida ou só gostas de fingir mesmo muito bem?

Simplesmente não conseguia discutir estava com medo ainda. - Sim, claro e a estúpida sou eu.- murmurei encarando o chão com uma expressão de tristeza. Voltei a colocar os phones e levantei o olhar desta vez virado para o horizonte, fitando-o e suspirando. Isto simplesmente nunca me tinha acontecido, ele tinha-se tornado outra pessoa...e ... agora tinha perdido o Joshua que conheci na casa da avó, para o Joshua que tenta violar raparigas que gostam da sua companhia.

Revirei os olhos.
Não estava para estas cenas mas não tinha outro remédio senão atura-la.
Retirei outro cigarro da caixa que estava no bolso do casaco e acendi-o.
Estendi-lhe o cigarro depois de deitar o fumo pela boca.

Peguei no seu cigarro, coloquei-o na boca sentido logo a nicotina em mim. Expeli o fumo da minha boca e estendi-lhe o cigarro novamente.
Reencostei-me ao banco e levantei-me para ajeitar o vestido, este era um dos meus vestidos de dia favoritos, favorecia as minhas curvas e dava para ver o corpo que eu tinha.

Voltei a colocar o cigarro na boca.
Senti o telemóvel vibrar.

Mãe

Carreguei na tecla verde.
- Olá mãe. - disse sorrindo.
- Sam querido, (..) liguei-te para saber se queres vir passar o próximo fim-de-semana cá em casa.
- Vais deixar-me fazer mais uma tatuagem? - disse com um sorriso enorme.
- Não abuses! Já chega uma!
- Sim eu vou. Nem preciso de falar com ele. Sei que ele deixa. Beijinhos mãe. Adoro-te.
Voltei a colocar o telemóvel no bolso. Atirei a ponta do cigarro para o chão e pisei-a.

Não prestei muita atenção á conversa dele estava embebida nos meus pensamentos, e a unica coisa que me apetecia fazer era ir nadar.Vou para a natação, não precisas de vir comigo.- disse-lhe e levantei-me indo para as piscinas da minha escola.

- Pois... mas parece que tenho...
Levantei-me e segui-a.
- Ainda por cima depois do que aconteceu. Não te vou deixar sozinha.

Bufei.
- Mas ela já deve pensar que eu não gosto dela! - fiz beicinho e ela calou-me com um beijo.
Tentei ajeitar-me no carro dela, mas nada se comparava com a minha mota..

-Estás me a deixar irritada, para quieto no carro Samuel!- murmurei o suficiente alto para ele me ouvir. As nuvens começaram a ficar cada vez mais escuras e achuva que estava a ser calma passou a ficar cada vez mais perigosa. Conhecia este caminho como as palmas da minha mãe, dirigi para o meio da floresta chegando assim a uma aldeia, a aldeia da 'nossa'' avó. Mal chegamos lá disseram-nos, a empregada, que tinhamos de ir ter ao restaurante. Desta vez a chuva ficou muito forte e a empregada disse para entrarmos e esperarmos que acalmasse que ela já vinha. Dito isto saiu porta fora deixando-nos sozinhos numa casa que para mim era completamente conhecida.

.Sentei-me no sofá e abracei as pernas olhando lá para fora onde chovia e travejava o que me fazia apertar mais as pernas.

Sentei-me ao lado dela e abracei-a.
- Começo a pensar que só queres que te agarre. - sorri-lhe e comecei a fazer-lhe festas no cabelo.