BigBen

Suspirei e sentei-me num dos bancos que estavam ao pé do Big Ben. Não deixavam entrar à noite. Mas porquê? Qual é o problema.
Olhei para o telemóvel para saber novidades do meu irmão, mas não havia nada. Fechei os olhos e encostei a cabeça à parte de trás do banco olhando para as estrelas.

Segui a rua e cheguei ao Big Ben. Nunca passava muito tempo por ali, tinha sempre muito que fazer e muito em que pensar. Lembro-me de quando vinha aqui com a minha avó, antes de ela morrer.
Soltei uma lágrima que limpei de imediato, com medo de alguém me ver, e procurei um sítio onde me sentar.

Levantei-me para ir embora, mas vi o rapaz, o único que tinha conhecido até agora por ali. Examinei-o, não parecia muito bem. Bem, já éramos dois. Fui andado na sua direcção um bocado hesitante, mas cheguei.
-Olá. - murmurei com a voz rouca do frio. És tão esperta Cally, vieste de manga curta para a rua. Ignorei o meu subconsciente e olhei-o novamente.

Ouvi alguém falar e virei a cara, vendo Cally na minha frente.
- Ah, olá Cally.
Forcei um sorriso e reparei que ela tinha frio.
- Está imenso frio, aposto que estás gelada.

Fiz uma careta.
-Notasse muito? - Perguntei sentando-me ao seu lado. Mordi o lábio, detestava ver pessoas tristes e não saber como ajuda-las. Olhei-o. - Não me quero intrometer - avisei - mas passa-se alguma coisa?

Sorri um pouco.
- Só um bocadinho.
Tirei o casaco e entreguei-lho.
- Veste, não gosto que fiques com cara feia - Gozei.
Olhei para baixo de seguida, sem saber para onde olhar.
- Passar passa.

Ri-me.
-Obrigada, adoro que me elogiem, por isso fica tu com ele, depois ficas tu com frio. - Sorri passando-lhe para as mãos. Encolhi os ombros - Se quiseres, podes falar comigo, se não quiseres, também podes falar, mas não te obrigo.

- Eu não fico com cara feia quando estou com frio, e mesmo assim não tenho frio, por isso veste tu.
Ri-me e passei de novo o casaco para as mãos dela.
- Foi uma discussão grande com a minha irmã mais velha..
Desviei o olhar de novo.

Suspirei pegando no casaco e vestindo arrepiando-me de seguida.
-Se tiveres frio diz, a sério - pedi-lhe.
Mordi o lábio com o que ele disse e deitei a minha cabeça no seu ombro, de modo a tentar tranquiliza-lo.
-Vocês já fazem as pazes.

- Foi uma discussão muito... complicada. Foi uma grande mistura de várias coisas que me deixaram mesmo muito mal e me trouxeram á memória coisas que já deviam ter morrido no meu cérebro. Foi horrivel.
Suspirei e contive as lágrimas, cheirando o perfume do seu cabelo.

Levantei a cabeça e olhei-o vendo os seus olhos cheios de lágrimas que ele não queria largar.
Não consegui evitar e coloquei os meus braços de volta do seu tronco abraçando-o.
-Tenho certeza que vocês vão ficar bem, também tenho irmãos - sorri ainda abraçando-o - sei como é.

- Obrigado. A sério.
Sorri enquanto a abraçava, soltando mais algumas lágrimas. Não me apetecia ir para casa, não me apetecia ir a lado nenhum.
Olhei para trás e avistei alguém que á muito não via. O dealer da rua do big ben passava sempre por ali áquela hora, á procura de algum cliente. Escondi a cara de seguida, rezando para que não me visse.

-De nada - sorri. Quando me largou e olhou para a rua ficou mais pálido do que a lua e olhou para mim com ar de quem se estava a esconder de alguém.
-O que é que se passa? - Perguntei-lhe olhando à nossa volta.

- Ah.. Nada.
Estava atrapalhado e não sabia o que fazer. O homem olhava-me com cara de caso e eu tentava por tudo não olhar na sua direcção e tentava manter-me discreto, coisa que claramente não estava a resultar.

O meu olhar prendeu-se num homem com mau aspecto e que eu já tinha visto durante muito tempo. Olhei para Francis que estava com o olhar fixo para trás de mim e algo estranho. Quando o homem me olhou começou a encaminhar-se na minha direcção. Apenas somei um mais um.
-Foge ou fica. - Disse-lhe discretamente.

Fui atraída por aquela beleza chamada BigBen, sempre tive uma paixão por aquilo e naquele momento estava a vê-lo ao vivo!
Dei uns passos pela zona até que vi uma rapariga e um rapaz mais ou menos da minha idade. Estavam um bocado estranhos e não queria interromper nada por isso sentei-me num banco mais à frente.

Peguei na sua mão e olhei-a nos olhos.
- Anda comigo, por favor.
Forcei um sorriso e comecei a andar, com ela atrás de mim.
- Ainda queres aquela visita guiada a minha casa?

Sorri-lhe e assenti.
-Não tinha jeito nenhum ires sozinho. - Levantei-me. - Vamos lá então e sim, quero - ri-me indo atrás dele. Já nem me lembrava do caminho para casa.

Fui para o mesmo banco de ontem e voltei a olhar à minha volta procurando alguém com quem conversar. Suspirei, antes era demasiado intrometida e conseguia meter-me com as pessoas facilmente, agora simplesmente as olhava a passar. Revirei os olhos com o meu pensamento, ultimamente tinha andado tão dramática que até irritava
Levantei-me com a ultima mensagem que Francis me mandou a dizer que estava em Oxford e atirei-me à frente de um táxi.

Foi-me mostrando vários sítios de Bond Street e parámos junto do famoso Big Ben.
- Claro, está combinado - sorri e sentei-nos num banco enquanto a rodeava novamente com o meu braço para a aquecer - Gosto, não é algo que faça frequentemente mas sim.

Sorri-lhe.
- Queres ir jogar a minha casa? A Agnes deve estar por lá e alinhar... ou talvez não. - ri-me.

- E ela não se importa ? - perguntei, olhando para ela - Não quero que arranjes problemas com as tuas colegas - disse e comecei a brincar com uma madeixa do seu cabelo sedoso.

Ri-me:
- Claro que não. Apesar disso, ela também pode levar os amigos dela. Só não quero é balbúrdias lá em casa senão os meus pais passam-se...
Reparei que brincava com o meu cabelo e sorri, estendo-lhe a mão.
- Vá, anda!

(podes responder no hall da casa ''Stone'')

Levei-a até ao Big Ben e olhem em volta para ver se encontrava o gajo que me tinha encomendando as coisas. Assim que o avistei de costas virei-me para Amanda.
-Fica aqui - pedi. Este tipo de gajos não eram para brincadeira, até eu não devia aparecer assim sem nada. Fui até ao gajo e estiquei-lhe o braço.
-Está aqui. Quero o meu dinheiro. - disse colocando outra mão à frente dele com a palma aberta. O gajo revirou os olhos e deu-me o dinheiro pegando na droga e indo embora. Voltei para o lado de Amanda. - E pronto, está tudo. Vamos dar uma volta, por aí, ainda é cedo