Jardim da Universidade

Seguiu-se um silêncio estranho. Perguntava-me se devia voltar para o meu dormitório mas não me apetecia nada. - Na Universidade de Nova Iorque onde eu andava, era quase impossivél atravessar o dormitório femenino sem que aparecesse alguém. Mas vir até aqui foi fácil - Tentei que isto pudesse quebrar o silêncio estranho.

Percebi que aquilo foi uma tentativa de quebrar o silêncio que por momentos reinou naquele quarto.
- É o meu primeiro ano numa universidade por isso não sei como costuma ser... Também ainda não há quase ninguém por cá. - olhei em volta vendo todas as camas desocupadas.

- Pois é... És uma novata! - Agora já tinha usado um tom mais descontraído - Acho que ainda vamos ter de esperar mais um bocadinho até que apareça mais gente e comecem as pijama party nos dormitórios, como lhes chamavam lá. - Na verdade nunca tinha experimentado muito do convivio universitário. Para variar, permanecia sempre no meu quarto ou noutro lugar qualquer onde tivesse de falar pouco. Não sabia como socializar mas agora que estava com Zoe, parecia-me uma boa ideia.

- Mas nós tratámos do assunto sozinhos... Ou não? - ri-me, metendo-me com ele.
Voltei a deitar-me na cama e fiquei um pouco pensativa.
- Tenho saudades da minha mãe... - murmurei com a voz trémula.
O meu olhar estava distante e não me apercebi do que ele estava a fazer.

- Isso é uma ideia interessante - Mordi o lábio inferior pensando nisso.
Ouvi-a susurrar qualquer coisa, mas não me apercebera o quê. Vi-me por momentos a relembrar-me dos momentos em que era pequeno e costumava brincar sozinho. Nunca tinha sentido que tivesse amigos, mas agora estava aqui com Zoe e... bem, parecia que talvez isso não fosse um estado defenitivo.

- Mas nem tu nem eu estamos de pijama... - informei-o olhando-nos de cima abaixo e ri-me. - Ou não é obrigatório estar de pijama? É que eu não tenho por costume usar pijama. - e ele também não me parecia tê-lo.

- O que tu estás a ver aqui - Apontei para a t-shirt - Nem é costume cá estar. - Ri-me.
- Os pijamos são aborrecidos - Declarei.

Quando ele disse aquilo, automaticamente imaginei-o sem aquela parte.Por momentos, era como se eu não estivesse ali naquele quarto. Quando finalmente desci à Terra, comecei a rir-me pelo que ele tinha dito.
- Muito mesmo. - concordei com ele.

Ainda não sentia frio e decidi pôr de parte o momento idiota que fizera à pouco por isso voltei a pôr-me debaixo dos lençóis ao seu lado - Sabes, apesar de essas festas acontecerem basicamente dia sim, dia sim, eu nunca participei em nenhum... - Segredei ao seu ouvido.

Fiquei feliz quando vi que ele se deitou novamente a meu lado. Arrepiei-me quando senti a sua boca perto do meu ouvido.
- Porquê? - perguntei, estranhando.
Via-o como o típico rapaz popular que todas queriam, que participava em todas as festas e jogava na equipa da escola.

- Nunca fui o tipo de rapaz que se dá com toda a gente - Admiti, sentindo que aquilo era uma afirmação muito parca. Eu não me dava com ninguém, nunca dera. - É por isso que é diferente estar aqui contigo. Mas é bom.

Ergui ambas as sobrancelhas quando o ouvi dizer aquilo.
- Não te via assim... Pensei que eras do tipo de rapaz que é conhecido na escola toda. - contei-lhe. - Eu também estou a gostar bastante de te conhecer e de estar assim contigo. - sorri.

Ri-me quando ela disse aquilo - Se era conhecido, não era certamente por ser o tipico rapaz popular.
A imaginação levou-me mais longe. Comecei a pensar se... Não, pára já Hunter!... comecei mesmo a pensar se esta oportunidade nova que tinha, um novo sitio e novas pessoas, seria de facto algo bom. Faria mais amigos, ou... atrevi-me a pensar que poderia mesmo encontrar alguém de que gostasse muito.
Feito isto perdi-me em pensamentos durante uns minutos - Acho que estás a ser a melhor companhia que alguma vez tive.

- Então era porquê? - perguntei, se ele disse aquilo por alguma coisa foi.
Ele confundia-me bastante. Ainda há pouco quando nos tocámos sem querer saltou da cama como se estivesse com medo de mim e agora estava a dizer-me isto...
- Oh, estás a exagerar... - sorri envergonhada, taando a cara um pouco com o cobertor.

Ao ouvir a pergunta perguntei a mim próprio de devia dar-lhe mais uma exlicação parca ou não lhe dizer nada. Decidi-me pela segunda opção. Se lhe contasse que era membro de um gang, que andava ganzado metade do dia e que o simples olhar para as minahs tatuagens fazia as pessoas afastarem-se, podia ser que Zoe pensasse o mesmo que os outros e se afastasse.
Naquela altura não queria mesmo nada que aquilo acontecesse.
- Não estou não. És uma boa companhia. É muito melhor estar aqui do que sozinho no quarto.

- Isso quer dizer que se tivesses companhia no quarto não virias ter comigo? - olhei para ele triste, queria ver qual era a sua reação ao que tinha dito.
A percebi-me de que não repsondera à minha pergunta mas também não insisti...

Senti-me um pouco aparvalhado naquele momento - Não, claro que não! Eu estava só a dizer aquilo... bem.. - Cocei a cabeça, como sinal de embaraço - Tu não acredistaste e eu disse aquilo. Não sou bom com as palavras.

- Estou a brincar. - dei-lhe com o cotovelo no braço e desatei a rir. - Eu percebi o que quiseste dizer... - pisquei-lhe o olho.

- Ahh, ainda bem - Respirei de alivio. Já temia que ela tivesse percebido aquilo tudo mal - Já me estavas a deixar nervoso - Admiti com um sorriso divertido nos lábios.

Cada vez ele me deixava mais fascinada... Mas o quê que ele tinha que me fazia sentir assim?
- Eu deixo-te nervoso? - perguntei, em tom de brincadeira.

- Sim... Como podia não ficar, quando estamos a centimetros um do outro, debaixo dos lençois? - Aquilo tinha saído muito, mas mesmo muito mal. Não consegui remediar, a minha explicação ia sair toda confusa. Esperei que ela levasse aquilo na brincadeira

Sorri, um poucco envergonhada.
- E porquê que isso te deixa nervoso? - mordi o lábio e esperei que a sua resposta fosse a mesma que eu queria ouvir.

- Bem...hum...Deixas-me nervoso porque não é a alguns centimetros que eu quero estar de ti. - Achei que estava a pisar o risco mas agora que tinha começado ia acabar. Sentia-me confuso. Nunca tinha feito o que estava a fazer agora. Ainda há pouco tinha saltado da cama só por nos termos tocado. Mas agora, não me conseguia manter longe muito mais tempo - A distância devia ser nula.

Acho que naquele momento parei no tempo e não soube o que dizer nem o que fazer. Sorri abertamente e encostei-me o mais que pude a ele, encostando o meu nariz ao seu, estávamos praticamente colados. Um dos meus braços envolvia o seu corpo, fazendo a distância ser a mais pequena possível.
- Assim? - murmurei perto dos seus lábios, com um certo nervosismo na voz.

Acho que todo o meu corpo tremeu quando senti Zoe tão perto de mim. No entanto a sensação era boa, e pareceu-me que não importava se eu era anti-social ou não - Muito melhor - Respondi. Os nossos lábios estavam tão perto que sentia o meu sangue pulsar mais rápido. Talvez fosse melhor não o fazer.... Mas queria tanto.