Hospital

Antes de sair do quarto olhei para ele nos olhos e puxei-o para mim abraçando-o - Obrigada por teres ficado aqui comigo.-sorri mostrando toda a minha felicidade e sinceridade em dizer-lhe isto.
Descemos as grandes escadas que davam a cesso ás urgências centrar,de onde íamos sair. Ele voltou a beijar-me o que vez com que eu sorrisse ainda mais. -Eu gosto tanto de ti Thomas.-murmurei para si apertando a sua mão.
Saímos do hospital enfrentando assim o mundo que nos rodeava mas que por estes dias esteve guardado uma gaveta na qual acabamos agora de abrir. Os flashes vestiam-me de luzes fortes e encadeavam-me os olhos, puxei o Thomas pela mão enquanto pegava na sua mala e a colocava na minha outra mão.
Entramos num carro que já nos esperava á porta e sentei-me na grande limusina preta que a minha mãe tinha mandado sem o meu pai saber.
Mal entrei no carro deparei-me com a minha mãe de perna cruza e estatura bem constituída que me olhava com preocupação.
-Meninos entrem. - pediu ela, afastei-me do banco dando-lhe espaço para ele se sentar.

Sentei-me ao lado de Madeleine e olhei para a sua mãe, só me fazia lembrar a minha, alta, magra, cara severa mas olhar preocupado.
-Obrigado - agradeci um bocado desconfiado. Pessoas ricas e famosas não me inspiravam confiança, nem mesmo eu mesmo me inspirava confiança. Mas, isso não queria dizer que ela fosse má pessoa, aliás, Mad era a melhor pessoa que eu conhecia e ela tinha que sair a alguém e presumo que o pai não era esse alguém.

-Antes que comecem com perguntas, quero perguntar porque raio fugiste de casa se sabias que o teu pai podia-te arranjar o melhor médico de sempre? Em segundo lugar vocês andam a curtir ou namoram mesmo a sério?- perguntou cruzando as pernas enquanto nos olhava com um ar severo mas logo largou um dos seus sorrisos amigáveis começando a prestar atenção a nós para falarmos.
-Eu fugi porque eu não sabia que isto tinha solução, disseram-me que não - ela olhou para mim e deu-me a mãe olhando para o Thomas a seguir.
Obrigada por não teres largado a minha filha -agradeceu sorrindo -Então mas vocês andam a curtir ou namoram mesmo a sério?-perguntou de forma calma e tranquila.

-De nada - sorri percebendo que ela não era assim tão má como certas pessoas que conhecia. - Nós? Eu e a mad? Não, nós não curtimos, eu já não curto com pessoas - abanei a cabeça - fica demasiada confusão para o meu lado.Eu a Mad namoramos.. - achava eu, não havia pedido mas... namorávamos certo?

Sorri para a minha mãe e dei-lhe a mão mostrando-as juntas, ela sorriu. -Muito bem, parece que chegaram a casa...tenham cuidado que os vossos pais andam a tramar qualquer coisa para vos separar.- emitiu olhando para nós e dando nos um beijo em casa testa- Vá vão se embora que tenho de fazer muitas coisas, já sabem...eu nunca tive aqui - piscou-me o olho.Saí do carro e encostei-me a um banco perto do hospital - Oh vês? Eu disse que nao era coisa boa

Novo hospital, nova vida, é o que eu costumo dizer, o problema é que o digo demasiadas vezes. Sentei-me na sala onde supostamente deviam estar todos a vestir-se para um novo turno, mas devia ter vindo mais cedo ou mais tarde que o normal. Ainda não tinha os horários todos na minha cabeça. Peguei nos meus blocos verificando a ficha de cada doente e suspirei só havia cirurgias fáceis de mais. Deixei os dossiers e blocos de lado com tudo decorado e vesti a minha bata de cirurgião. Podia ser novo no hospital mas mandava mais do que muitos que estiveram aqui desde sempre, foi mesmo para isso que fui contratado. Tirei uma pastilha no bolso e sentei-me numa mesa com um computador olhando para o relógio, as rondas começavam às nove em todos os hospitais e ainda era oito e meia. Muito tinha que esperar.

Vi uma rapariga entrar e olhei-a de cima a baixo virando a cara e depois rindo-me de mim próprio, parecia um cão. Não tinha culpa, ela era bem boa e chamava todos à atenção. Levantei-me da secretária e peguei nas minhas coisas indo em direcção à maquina de café olhando para ela distraídamente.

Fiquei a olha-la enquanto ela lia o jornal e bebia o café com a perna cruzada. Pensava que só mesmo em filmes é que elas eram assim. Com um sorriso nos lábios olhei para o relógio e vi que era horas das rondas. Peguei nas minhas coisas deixando o café ainda a meio ao acaso e fui até ao quarto da minha paciente a quem ia retirar um cisto aracnoide. Ela nem conseguia falar para mim, apenas olhava corada e sorri-me suspirando várias vezes. Quando saí do quarto ainda fui capaz de ouvir um: Achas que antes de morrer o posso lever para a maca?, da paciente enquanto se ria. A mãe começou a ralhar com ela e eu apenas sorria habituado. Entrei no segundo e vi o nome dele. O caso era mais complicado, tratava-se de um tumor tratavél mas muito dificil de remover. Quando vi os outros médicos apresentei-me ouvindo de um que ainda faltava uma pessoa. Como, neste caso tinha que haver dois superiores e nenhum dos que estavam ali o eram, esperei, pois se fosse apenas mais alguém que pensa que é médico já tinha começado e acabado.

Olhei para a médica que falava e vi a rapariga do jornal. Ajeitei-me dentro da minha bata remexendo as minhas costas e virei-me para ela.
- Não há problema - respondi com um sorriso, o paciente suspirou cansado por causa dos medicamentos.

Olhei para a rapariga de sobrancelha levantada.
-Desculpa? - Perguntei olhando de esguelha para o paciente e para a familia. - Tu, - apontei para o homem e li o nome - Gordon, diz ao paciente os prós e os contras - pedi-lhe e virei-me totalmente para ela. - O que é que se passa contigo? - Perguntei - estão aqui pessoas sabes? - lembrei-a.

-Axl? - Perguntei ignorando o facto de ela me estar a agarrar pela manga da camisola mais cara que tinha e de ma estar a estragar. - Vais-me ao focinho? - Comecei a somar dois mais dois e deu todo quatro. Ela conhecia o meu irmão, como? Ele andava por aqui? - Primeiro, eu não sou o Axl, segundo não me estou a passar e teceiro - abanei o meu braço - larga-me.

Ri-me divertido enquanto a olhava e encolhi os ombros.
-Pode-se dizer que sim. - respondi à sua ironia e virei-me para o médico que ainda estava a apresentar o que podia acontecer ou não com a operação. Ele estava pálido e a ficar com medo.
-Ande lá senhor Golding, está em boas mãos. - olhei para a médica com um sorriso e voltei a virar-me para o doente que respirou fundo e assentiu com a cabeça. - Fez a escolha certa. Entra para o bloco operatório às seis da tarde, mas eu venho cá antes para ver como está.- Avisei-o indo-me embora.

Tireilhe novamente as folhas todas das mãos agarrando nelas.
-Provavelmente tenho curso superior à mais anos que tu - respondi-lhe não tirando o meu sorriso do rosto, ela estava com sorte de eu estar bem disposto hoje. - E este doente agora é meu - abanei os ombros indo em direcção de outro quarto.

Peguei no meu bip mostrando-o.
-Chamaram-me, por isso se quiseres vais tu. - respondi vendo a paciente a contorcer-se não conseguindo respirar - Reservem um bloco - gritei e umas enfermeiras que estavam ao meu lado e elas até parecem ter ficado contentes com isso. Abanei a cabeça começando a andar em direcção ao quarto improvisado onde a iam colocar.

Revirei os olhos.
-Nós? - Perguntei - chamaram-me a mim - resmunguei e uma enfermeira veio ter comigo dizendo que não havia blocos disponiveis. Olhei para a rapariga e peguei-lhe na mão fazendo-a vir até ao meu lado.
-Não há blocos. Como é que queres fazer? Abrir-lhe o peito aqui? - Perguntei testando-a e colocando o meu ar altivo para a irritar.