Sala de Estar

Suspirei ao vê-lo ir embora e virei costas quando não havia nada para além de casa e carros a passarem violentamente pela estrada. Hoje a minha mãe não devia estar em casa, por isso também não me vinha chatear à minha. Fui para a sala e quando passei pela cozinha trouxe o pacote de cereais comendo-os todos apesar de não ter leite.
Não conseguia esquecer o dia de hoje, talvez porque saí da rotina que tinha e era estranho ter estado com uma pessoa tão bem, apesar das discussões. Lembrei-me da parte em que lhe dei o número e ao perceber que não lhe tinha pedido o dele levei a mão à cabeça. Aquele rapaz tinha-me distraído assim tanto? Como é que era possível? Ele era bonito e deixava-me meio gágá só de olhar para ele, mas... Arg. Estúpido, também podia ter dito o número dele.
Se isto continuasse todas as vezes que eu estava com ele, eu ainda era roubada por estar distraida. Revirei os olhos com o meu pensamento. Desliguei a televisão e como estava demasiado cansada e com a cabeça a latejar, por causa da gripe que estava a apanhar, e deixei-me ficar no sofá até adormecer.

-Cala-te, está um frio de morte - resmunguei pegando noutro cobertor enquanto espirrava. Bebi um bocadinho do que ele me tinha preparado e olhei para ele fazendo uma careta de desgosto - eu detesto mel, todo o tipo de mel. Mas não é mau de todo

-Chato. - coloquei as minhas pernas em cima das dele e acabei de beber o que ele me tinha preparado colocando o copo em cima da mesa. Deitei a minha cara no colchão perto do ombro dele e suspirei - estás tão quente. - agarrei-lhe no braço deitando lá a minha cabeça e suspirei.

-Sim deves ser cá um deus - revirei os olhos e levantei a sobrancelha quando ele disse a temperatura que estava na rua. - Impossível - estremeci. - Se estivesse eu não estava assim - resmunguei - ou então a minha casa é gelada.

-Então devo estar para morrer - disse-lhe vendo que ele não mentia em relação à temperatura.
- Falas muito tu - ri-me afastando-me e espirrando novamente começando a ficar com calores e tirando um cobertor de cima.

-Oh que chato - resmunguei deitando-me para trás e ouvindo a porta da frente a abrir. - E eu a pensar que a minha mãe conseguia ser chata. - suspirei e ela apareceu na sala preocupada.
-O que se passa? - Perguntou preocupada.

-Estou adoentada, não preciso de nada - sorri-lhe.
-Tens a certeza? - Perguntou e eu assenti. Ela sorriu a Kyle e foi para a cozinha como sempre fazia quando vinha a minha casa.
-Kyle, isto é horrível, acho que preferia estar com frio - resmungei

-Não precisas de te culpar. - esbocei um sorriso e voltei a encostar a minha cabeça ao seu ombro fechando os olhos. - Amanhã? Vais cá estar? Espero que a teu pedido de desculpas não seja só isso.

-Uma voz querida? - Perguntei - O menino é alguma princesa? - Ri-me e olhei para cima, para os olhos dele. - Não me conseguia comer mesmo agora que estou mais vulnerável - garanti fazendo uma cara sério, mas acabando por sorrir.

-Ou lixado estavas tu - sorri e fechei os olhos enquanto sentia as mãos dele a tocar-me no cabelo. Senti uma curiosidade súbita e voltei a abrir os olhos olhando para ele - Já agora diz-me lá porque é que eu estava lixada.

-Estava se eu te deixasse fazer isso - sorri e fiz a minha melhor cara de má - não vais ponderar nada que eu não deixo seu tarado - disse-lhe sentindo os seus lábios na minha testa e voltei a fechar os olhos. Onde estás McKenzie?

-Sou apenas mais uma gaja boa, há mais e melhores, podes procurar essas - revirei os olhos dando-lhe um encontrão pelo que ele disse. - Vocês homens são todos iguais. - resmunguei.