Resto do exterior

-Não me vais responder? - Perguntei tirando-lhe a garrafa e bebendo dela deixando a meio, voltei a dá-la e fiz uma careta.

Olhei para ele e apoiei a minha cabeça nos meus braços.
-Ela morreu... - relembrei-o, sem dar mais pormenores ou mudar a minha expressão facial.

Suspirei abanando a cabeça e percebendo o que tinha feito. Aproximei-me dela e abracei-a tirando-lhe a garrafa e arrumando-a para o lado. - O meu pai era esquizófrenico, matou-se porque pensava que andavam atrás dele e fê-lo à minha frente porque tinha na cabeça que eu o queria matar. Ainda não era adolescente.- confecei-lhe com um sorriso falso. - a minha mãe pensa que eu fi-lo - encolhi ombros - eu estou-me a cagar para o que eles pensam. - menti - É a tua vez.

Senti-me tocada com a história dele e encostei-me a ele.
-A minha irmã mais velha morreu de cancro quando eu tinha 3 anos. Os meus pais passavam o tempo a dizer que eu é que deveria ter morrido, até que a minha mãe se suicidou devido a olhar-me todos os dias e pensar que a minha irmã é que devia estar no meu local. O meu pai fugiu porque não queria viver sózinho comigo. - inspirei fundo - Fui viver com os meus tios contra vontade deles. A minha prima odiou o facto de me ouvir a chorar a meio da noite com pesadelos e arruinou-me o resto da vida. Fim. - suspirei, apertando-o com mais força.

-O resto? Ainda estás viva e ela não está aqui. - Ri-me com o seu dramatismo. - Como é que se chama essa prima? - perguntei com vontade de lhe partir a boca toda.

Encostei-me de novo.
-Jenny Forks. Eu costumo chamar-lhe Bitch Forks, mas é como preferires. - gozei com sarcásmo

-Hm... - foi apenas o que disse e ergui uma sobrancelha. Com nome, não era preciso muito para encontrar a gaja. Quer Amanda quisesse ou não, ela ia ficar assustada, nem que fosse por pouco tempo. Passei a garrafa novamente a Amanda porque sabia que ela ia precisar, mas antes disso dei mais três goles e encostei a cabeça ao sofá. - mas diz-me lá, a miss Bitch Forks, como é que ela é? - Perguntei e fiz um leve trejeito com a boca - não estou a perguntar porque a quero v... só quero saber - disse sei saber porque é que me estava a justificar, nunca o fiz a ninguém porque haveria de fazer agora?

Dei uns belos golos de whisky e olhei para ele.
-A sério Axl? - resmunguei - Queres conhecer a minha primazinha mimada? - sentia-me atacada pelo famoso 'monstro de olhos verdes' mas a minha prima conseguia sempre o que queria, que normalmente era tudo o que eu tinha.

-Eu tentei dizer que... - respirei fundo, será possivel que nunca me entendam? - Só quero saber como é que ela é - resmunguei - 'tou-me a cagar para a gaja. - disse-lhe tirando mais uma vez a garrafa - não bebes mais, os teus neurónios já não funcionam.

Tirei-lhe a garrafa da mão e bebi ainda mais, sentindo-me baralhada, feliz, triste, confusa... tudo ao mesmo tempo.
-Não me tires a bebida! - levantei-me - E para que é que queres saber como é que ela é?! - vais fazer um interrogatório ao moço, amanda? sim, uma coisa desse género.

-Tiro sim - tirando novamente e colocando-a mais longe dela. - Disse que não te queria bebâda, ainda fazes algum disparate e não me apetece ver-te assim. - resmunguei e voltei a sentar-me confortavelmente no sofá. Começou a chover e suspirei. - Porque quero ver se a conheço.

Tentei agarrar a garrafa de novo sem resultado.
-Dá-me a merda do whisky, Axl! Achas que não me sei controlar?! - pedi rudemente - Provavelmente conheces, ela já deve ter dormido com metade dos gajos de Londres! - estás a ter um dos teus ataques, amanda.

-Não dou nada e sim, acho que não te sabes controlar. - Disse-lhe deitando a garrafa para o chão com uma mão e vendo-a partir-se. - Porque é que complicas tanto as coisas? - Perguntei levando a mão à testa suspirando porque a minha cabeça estava uma confusão e muito desarrumada. - Esquece, pronto, acabou a conversa da tua prima.

Agora sentia-me fula.
-Olha só o que fizeste! Eu ia beber aquilo! - gritei e fui em direcção à cozinha desarrumando tudo à procura do resto das bebidas que tinhamos comprado, desarrumando tudo onde mexia - Onde está a vodka? - dei um grito de raiva e sentei-me no balcão tentando acalmar-me e pensando onde estaria a bebida

Respirei fundo. O que eu tinha que aturar. Levantei-me indo atrás dela e agarrei-a pela cintura.
-Pára Amanda - resmunguei enquanto ela praticamente destruia a cozinha - acabou a bebida para ti, ouviste? Acabou. Não quero uma viciada nem bebâda em minha casa.

Arrepiei-me e senti um nó na barriga quando ele me agarrou na cintura. A última vez que o tinha feito sem ser em 'momentos íntimos' fora quando eu tinha sido raptada.
Eu? Viciada? Tu é que és o drogado aqui, não sou eu! - atirei-lhe à cara sem perceber que tinha sido um pouco inconveniente.

Larguei e abri-lhe o armário.
-Bebe à vontade, e depois arruma a porcaria. A minha irmã está no meu quarto. - Respondi-lhe indo ao meu quarto buscar alguma coisa para tomar e saí de casa. Como ela dizia, eu é que era o drogado dali e aqui estava eu a fazer o meu trabalho.

-Axl, espera. - pedi, mas ele já se tinha ido embora. Deitei mais umas coisas ao chão, irritada comigo mesma, e fui até onde ele disse que estava a irmã dele. Sentei-me na cama e fiz-lhe festas no cabelo enquanto ela dormia que nem um anjinho. Onde é que aquele gajo se meteu? procurei o meu telemóvel no casaco e quando encontrei mandei-lhe uma mensagem.

Não respondi à segunda mensagem de Amanda e entrei em casa. A cabeça já não me doía, o corpo já não me doía, mas continuava com a mesma disposição apesar de que a única coisa que me apetecia fazer era rir.
Subi até ao meu quarto apetecendo-me atirar para a cama e entrei nele com um sorriso pronto para dar à minha irmã, quando vi Amanda lá revirei os olhos.
-Ao menos arrumaste a cozinha? - Reclamei.

Olhei para ele com expressão nula e respondi um seco não. Levantei-me e dei uma volta por ele, já conhecia aquela figurinha. Sim, está drogado. pensei para mim própria.

Levantei o sobrolho olhando para ela e rindo-me baixinho.
-O que é que foi Amanda? - Perguntei vendo-a à minha volta, comecei a acompanha-la e comecei também à volta. - Eu pedi-te para limpares a cozinha.

Parei de repente fazendo-o embater contra mim.
-Pediste, não obrigaste. - provoquei, sentando-me de novo na cama

-Então vai limpa-la - disse-lhe - é uma ordem - gozei deitando na cama o lado da minha irmã que ainda dormia. - Estavas a mentir-me com todos os dentes não estavas? - Perguntei. Eu tinha toda a noção que estava drogado, sabia exactamente as misturas que tinha feito e se adormecesse neste momento ia dormir que nem uma pedra.

Olhei para a irmã dele e depois para ele com uma cara confusa. Agora não estava a representar.
-Mentir? Mentir no quê? - perguntei, confusa. Esquece Amanda, ele está drogado..

-Quando eu te disse que não gostava de pessoas e elas não gostavam de mim. Disseste que tu gostavas. - lembrei-a e abanei a cabeça - mas estavas a mentir. - Afirmei sem saber a resposta dela.