Skate Park

Sentei-me no meio das rampas de Skate e olhei para as horas. Era tarde, bastante tarde. Olhei para o céu e vi os trovões, aquilo era lindo. Eu achava... mas não era tão bonito quando Mad... Levei uma mão à cabeça.
-Pára Thomas, pára. - pedi a mim mesmo e lembrei-me dos comprimidos. Levei a mão ao bolso mas não tinha lá nada. Arregalei os olhos e tentei lembrar-me aonde os tinha metido, mas não conseguia. Aquilo era horrível, não me conseguir lembrar de algo tão recente... era frustante. Respirei fundo tentando acalmar-me e levantei-me não muito pronto para ir para casa.

Mal saí da pousada onde estivera instalado, dirigi-me a um parque qualquer a passo rápido e com o capuz na cabeça.
Logo que cheguei ao parque e reparei no halfpipe, pousei a mochila que trazia à beira para não a perder de vista e o skate no chão. Pus os phones, com Coma a dar e depois comecei a andar no skate, tentando relaxar. Sempre gostara de adrenalina, mas o skate agora parecia não me dar nem um pouco.
Já sabia do que precisava.
Sentei-me perto da mochila, com o skate por perto, ignorando o frio que sentira por estar com parte da perna a tocar no chão frio, devido aos calções e tirei o maço. Continuei com os phones e depois só procurei o isqueiro para acender o cigarro, deixando-me estar assim.

Fechei a porta de casa à pressa, deixando cair as chaves umas quantas vezes devido ao nervosismo que sentia.
Saí do prédio e foi aí que me apercebi de que não sabia onde ficava a loja. Boa max....-.- Comecei a andar um pouco frustrada. Já não bastava estar atrasada...
- És um máximo Blair...- murmurei, para mim própria.
Ás tantas já nem sabia por onde andava e como era óbvio, hoje já não ia trabalhar. Provavelmente teria de recompensar, mais tarde. Encolhi os ombros e retirei o meu mp4 de dentro da mala, colocando os fones nos ouvidos, começando a ouvir música. Passava agora por um skate park, fixando o meu olhar num rapaz que fazia altos truques no skate. Continuei a andar distraída e senti que tinha ido contra algo. Como o dia já me estava a correr muito bem (ironia) desequilibrei-me e caí. Quando olhei para o lado apercebi-me de que tropeçara num rapaz.
- Ups, desculpa...-disse atrapalhada e sentindo-me corar.

Quando estava prestes a acabar o cigarro e apagá-lo no pavimento para, provavelmente, acender outro, senti algo vir contra as minhas pernas. Tinha estado totalmente distraído a olhar para o céu e nem reparara que se tinham aproximado de mim.
Desviei o olhar para quem quer que tivesse tropeçado em mim e me poderia ter magoado.
- Na boa. - disse apenas, esperando que a gaja não me chateasse mais. Quem quer que me conhecesse - era pena ninguém ter sequer curiosidade de me deslindar - sabia que andava sozinho quase sempre - Precisas de ajuda para te levantar? - acabei por perguntar, apenas para não parecer mal.

- Não, não é preciso obrigada...-disse levantando-me e batendo as mãos uma na outra, para as sacudir. O rapaz nem se dignou a olhá-lo. Enfim, nada que me surpreendesse.
Dei um passo na sua direcção e coloquei uma mecha da cabelo atrás da orelha.
- Magoei-te? - inquiri olhando-o.

A rapariga levantou-se e eu desviei o olhar apenas quando ela já estava de pé: lá sabia se não era daquelas gajas todas paranóicas e com a mania da perseguição, que ainda achava que me tinha aproveitado da situação para observar o rabo e pernas dela, entre outros, e armava um escândalo na via pública. Era melhor assim.
- Não, estou óptimo. - respondi simplesmente. Se estava de pé sem chorar ou assim, era porque estava bem, logo não ia hipócrita e falso ao ponto de lhe perguntar se estava bem: afinal, via que ela estava bem e não ia fingir que me preocupava e que nem ia dormir, se não estivesse. Aliás, se não estivesse também, não podia fazer nada e não.

O facto de ele nem sequer se dignar a olhar-me começava a irritar-me profundamente. Tudo bem, tinha sido eu a ir contra ele, mas pelo menos na minha terra era comum quando se falava para uma pessoa, olhá-la. Não lhe pedia que se levantasse nem que me ajudasse a levantar, mas por favor, olhar-me enquanto falava com ele não?!
- Olha eu sei que não nos conhecemos, mas será que podes olhar para mim enquanto falo contigo? É que caso não saibas é uma questão de educação, isto é, se souberes o que isso é...- disse irritada. Talvez estivesse a ser importuna, mas farta de putos estava eu.

Mal a gaja voltou a falar, com o tom de voz mais irritadiço, contive uma gargalhada sarcástica, para logo depois ficar surpreendido também. Uma gaja que se atrevia a falar e a meter-se comigo, sem pelo contrário se babar por mim. Okay, wow.
Apaguei o cigarro no pavimento meio húmido e depois fitei-a, sem me levantar, com um sorriso meio para me meter com ela e a irritar mais no rosto. Contudo só olhei para ela depois dela parar de falar e quando comecei a falar, voltei a desviar o olhar.
- Não, não sei onde está a educação. Estás aí, educação? Atrás da moita? - gozei - Só uma coisa não sou obrigado a olhar, simplesmente olhas para uma pessoa quando queres saber as emoções dela, eu não te conheço, logo não me importo e o que sentes não mexe comigo, também não sou curioso, logo é normal não olhar. Esclarecida?
Agora esperava a resposta dela, a verdade é que até me tinha chamado a atenção aquela irritação sexy que ela tinha.

Revirei os olhos, como aquele gajo me começava a irritar, mas se ele pensava que eu me ia calar estava muito enganado.
- Pode ser que a encontres no meio das pernas...- sorri ironicamente. - visto que a maioria de vocês só pensam com a cabeça de baixo...- revirei os olhos irritada. Até eu fiquei surpreendida comigo própria, estás mesmo a dizer isto Blair? - pois é, só deves olhar para a cara das meninas com quem te dás, mas deixa lá, quando te começares a dar com gente normal talvez percebas do que falo...- atirei para o ar. - e sabes que mais? Ainda bem que não olhaste, aposto que vomitava mal visse a tua fronha...- disse. Virei-lhe as costas e fui sentar-me num banco que lá havia. Pousei a mala e meu lado e respirei fundo.

Tentei ignorá-lo, fixando o meu olhar num rapaz que andava de skate. Revirei os olhos ao ouvi-lo falar, mas não aguentei ao ouvir as suas sonoras gargalhadas.
- Aposto que por mais que vasculhassem continuariam a não encontrar nada, porque educação é decididamente algo que não tens...- soltei um riso.- e santinha é a tua avó...- revirei os olhos.
Mas ele pensava que estava a falar com quem?
Fiz algo que já não fazia há muito tempo, retirei da mala um maço de tabaco. Peguei no cigarro e procurei por todo lado, mas tinha-me esquecido do isqueiro. Era só o que me faltava...Levantei-me, passando uma mão pelo cabelo e indo na sua direcção novamente.- Ahm...podes emprestar-me o teu...isqueiro?- inquiri, embaraçada.