Sala de Estar

Assim que cheguei a casa atirei-me para o sofá sorrindo. Estava satisfeito com a noite que tinha tido e agora só faltava mesmo um bom banho e uma comida típica da minha Grace, a interna de família.
- Vou sair. - Afirmou Kim ajeitando o seu cabelo acastanhado.
- Desculpa?! - Levantei-me do sofá e olhei-a de sobrolho levantado.
- O quê, vais dar numa de papá é? Cura-te Kyle! - Revirou os olhos e abriu a porta da rua.
- Tens dinheiro? - Questionei num tom mais elevado para que não saísse logo. - Estou à rasca… - Cocei a cabeça.
- Vai pedir aos avós! - Disse como se fosse muito simples e bastante prático.
- Não posso estúpida, eles vão dar-me sermão de hora e meia e tenho pressa. Dá-me 70$ - Quase ordenei.
- Mas pensas que sou o teu banco? - Guinchou mas acabou por dar após o olhar mortífero que lhe lancei. - Idiota! - Rosnou virando costas.
- Usa preservativo, mana. - Gritei ouvindo a porta bater pouco depois. Ri e caminhei para a cozinha para comer.

Mexi o meu corpo incluído as costas, desconfortavelmente pela dentada, e mantive-a no meu ombro. Tinha-me magoado mas não era gajo de me deixar ficar por isto. Para mim eram mordidelas daquelas fracas que levava para a cama e que não aguentavam a potência. Abri a porta de casa e caminhei para a sala mandando-a para o sofá com pouca força. - Grace! - Chamei olhando-a.
- Sim menino? - Questionou aparecendo na sala.
- Traga-me a caixa dos primeiros socorros por favor. - Pedi e levei as mãos à cintura.

Puxei-a pelo braço e levantei o sobrolho. - És mesmo teimosa sabias? - Questionei voltando a sentá-la no sofá. - Ok, vamos começar tudo de novo. Eu sou o Kyle… - Apresentei-me estendendo-lhe a mão não só como cumprimento mas com umas tréguas.

Revirei os olhos. - Porra, és mesmo difícil! - Rosnei agarrando-lhe nos livros e abrindo um deles. - McKenzie Foster, olá e o prazer vem depois. - Coloquei-lhe os livros no colo e levantei-me para ir receber a caixa. - Tens aí, pode começar a dar às mãos. - Entreguei-lhe a caixa e sentei-me na mesa de centro à sua frente.

Respirei fundo tentando controlar-me ao máximo e agarrei nas suas coxas apertando-as com força. - Vai arder-te muito mais e nem te vou dizer o quê! - Rosnei olhando-a por cima. Aos poucos o álcool deixou de me arder e só aí é que larguei as suas coxas. Não era do tipo de rapaz que se aproveitar quando via que não era bem daquilo que se tratava e por isso mesmo não tinha que deixar as mãos ali sabendo que nada daquilo me pertencia.

Bati com a minha mão na testa e revirei excessivamente os olhos. - Beber pode nem ser obrigatoriamente álcool! - Exclamei com aquele comentário um tanto ridículo e despropositado. Ela era tão boa e tão esperta mas ao mesmo tempo teimosa e insuportável que até doía. - Vais-te deixar dessas coisas ou não McKenz? - Olhei-a seriamente.

Suspirei e ergui os braços em sinal de defesa. Caminhei até à cozinha e agarrei numa garrafa de água e numa garrafa de coca-cola das pequenas. Voltei À sala e sentei-me ao lado dela, entregando-lhe a garrafa. - O que estás a tirar? - Procurei saber enquanto olhava para os seus livros.

Ri-me e abanei a cabeça negativamente. - Advocacia, não sabes ler? - Imitei a voz dela num tom mais esganiçado mesmo para a picar. - Direito Tributário II. - Apontei o livro que jazia em cima da mesa de centro. - Que falta de atenção McKenzie. - Fiz um ar tarado.

- Mas eu não leio o que as pessoas têm nos livros. Pego por pegar! - Encolhi os ombros e era verdade, quando pegava em alguma coisa que não fosse minha, não tinha por hábito ler. Isso era fala de respeito e quanto a isso eu cumpria todas as regras de cavalheirismo e bom comportamento. - Mas estás perdoada por não teres reparado. - Ri e dei um gole na minha coca-cola.

Fiz um ar de: Era escusado! e retirei a minha t-shirt. Limpei o meu peito com ela e dei-lhe um cotovelada no braço fazendo a garrafa de água gelada derramar no seu peito. - Ups, desculpa! Foi de propósito… - Provoquei olhando-a com cara de cínico.