Hall de Entrada

Já se tinham passado sete meses e meio; mal soubera que Chloe teria uma menina, liguei aos meus pais para confirmar que assim era e que, por isso, podiam continuar com a decoração da casa.
Chloe ainda não sabia de nada disso e, quando lhe disse que entrasse no carro pois iriamos a um sítio, não parou de me perguntar ''onde vamos?''.
Tinha aproveitado para colocar algumas roupas nas malas enquanto Chloe via televisão (e adormecia), colocando-as, depois, na mala.
- Estamos quase... - avisei a grávida da Chloe, que não parava no banco.
Assim que avistei a casa de família (com muitas remodelações, sem dúvida, fiz um sorriso; abri o portão e entrei com o carro na garagem.
Saimos do carro e coloquei o braço sobre os seus ombros enquanto abria a porta do hall.
- Anda...

Já passaram sete meses e meio e as coisas não podiam estar melhores. Eu e o Jake estávamos super felizes e ficámos ainda mais desde que soubemos que eu iria ter uma menina. O Jake, era sem dúvida um pai babado.
Jake pediu-me para entrar no carro, dizendo somente que irámos a um sítio. Boa...
- Onde vamos? - passei o caminho inteiro a perguntar, mas ele nada dizia, apenas me pedia para parar quieto. Mas também o que é que ele queria, tinha uma barriga que mais parecia um melão. Assim que chegámos perto de uma enorme casa ele sorriu e abriu o portão, entrando com o carro para a garagem. Ele saiu do carro e abriu-me a porta, ajudando-me a sair. Colocou os seus braços em redor dos meus ombros e disse algo que me foi imperceptível, devido à minha enorme curiosidade.
- Jake, ou tu me dizes o que é que estamos a fazer aqui ou eu juro que me chateio...-ameacei.- Não viraste assaltante pois não? - olhei-o. - É que se viraste, trazeres uma grávida contigo é de muito mau tom...-declarei.

Revirei os olhos, rindo-me.
- Sim, sou um ladrão que tem as chaves, comandos e conhece a casa toda. - ironizei.
Puxei-a para dentro de casa.
- Vá, não reclames.

Ri-me também.
- Hoje em dia já tudo é possível...-brinquei.
Ele puxou-me para dentro de casa. Aquela casa era sem dúvida maravilhosa.
Parei por momentos e coloquei-me à sua frente, colocando uma mão sobre a barriga.
- Agora que já entrámos, já me podes explicar? - perguntei impaciente, fazendo um beicinho adorável.

Olhei-a seriamente.
- Tu ainda não percebeste, depois deste tempo todo, que gosto mesmo de ti? - inquiri. - Simplesmente pedi que arranjassem esta casa de maneira a que ficassemos os três juntos.
Aproximei-me.
- Mas se não quiseres...

Senti-me corar violentamente com as suas palavras.
Aproximei-me o suficiente dele e colei, os nossos lábios beijando-o de forma intensa e apaixonada.
- Eu amo-te...- sussurrei contra os seus lábios. - E viver contigo e com a nossa filha é tudo o que eu mais quero...-assegurei, beijando-o novamente. Quando senti uma pontapé da nossa menina, peguei na mão de Jake e coloquei-a sobre a barriga, de modo a que ele também o sentisse.- Parece que a nossa filha também gostou da ideia...-sorri.

Ri-me.
- É bom que goste.
Dei-lhe um beijo sobre os lábios.
- Anda conhecer a casa.
Apresentei-lhe tudo deixando para último o berçário.

(berçário)

Conduzi até casa assim que Chloe saiu do hospital.
- Rica casinha. - disse, rindo-me.
Estacionei o carro e saí, ajudando Chloe a tirar as coisas.
- Depois temos que ir comprar o que falta. - já tinhamos comprado o carrinho e algumas roupas. Tinhamos fraldas, chupetas e biberões mas, como era lógico, a roupa escapar-se-ia muito rápido ao pequeno corpo de Marie.

Assim que saímos do hospital, Jake conduziu até nossa casa.
Ri-me com a satisfaçāo de Jake e o suspiro lançado por Marie.
- Aposto que nāo tinhas tantas saudades minhas como tens da casa...- fiz beicinho, contendo uma gargalhada. Saí do carro com a sua ajuda e entrámos.
- Pois temos...-assenti.- mas agora vou deitar a nossa menina...-sorri.

Olhei-a com um sorriso provocador.
- Eu sei bem como matar as saudades que sinto tuas. - pisquei-lhe o olho.
Conduzia até ao quarto de Marie.

(responde lá)

Sorri-lhe e desci, indo até ao hall e pegando no telemóvel de casa; marquei o número e encomendei uma pizza.
Algum tempo depois (que foi o tempo de ter ido vestir uma camisola e umas calças e colocar a mesa, etc.), tocaram à campainha; abri a porta, assinei e peguei na pizza, pagando-a.

Fui até ao quarto e peguei nela ao colo.
Vi que horas eram e como já estava na hora, dei-lhe de mamar.
Vesti-lhe uma roupinha quente e confortável, coloquei-lhe a chupeta na boca e fui até ao meu quarto. Deitei-a sobre as almofadas e vesti o vestido que Jake me oferecera no natal depois de tomar um duche rápido. Fiz uma trança e desci com a pequena ao colo. Jake estava no hall, a pagar a pizza.
Aproximei-me e beijei-lhe a bochecha, o homem que tinha vindo entregar a pizza sorriu e foi embora.
- Estamos prontas...- disse, sorrindo.

Sorri.
- Então vamos para a cozinha.

Sorri e vi-o subir.
Quando me estava a dirigir para a sala para escolher algo para vermos, o som da campainha ecoou por toda a casa
Ergui a sobrancelha e fui até à porta. Espreitei pelo buraquinho que nos permitia olhar para o exterior, e não vi ninguém do lado de lá. Que estranho...
Abri a porta e ele apareceu, vindo do nada.
- Olá meu amor...- disse, sorrindo como sempre fazia, e encostando-se à ombreira da porta. Senti-me congelar e a minha respiração para por completo. Ele disse que viria, nas mensagens, mas nunca pensei que se atrevesse a voltar depois de ter sido preso. Engoli em seco e com toda a minha força, tentei voltar a fechar a porta, mas a sua força superava-me e impediu-me de a fechar.
- Acredita que não vais querer fazer isso princesa...- disse calmamente e num tom ameaçador.
A sua força venceu-me e acabou por entrar, agarrando-me e fechando a porta. Soltei um pequeno grito o qual ele abafou com a sua mão.
- Shhh...- murmurou, encostando a sua boca ao meu ouvido.- não faças barulho que o teu amante pode ouvir, e não me apetecia nada magoá-lo...- sussurrou. Quando falou em Jake, as lágrimas começaram a cair. Virou-me para ele, e passou a língua pela minha cara, limpando-as.
- Larga-me!- disse, após morder a sua mão com força.
Ele soltou uma gargalhada.
- Eu nunca mais te vou largar princesa, nem a ti nem à nossa filha...- declarou, sorrindo.
- Ela não é tua filha! - disse batendo no seu peito.
Num fracção de segundos vi e senti a sua mão bater na minha cara.
- Tu não voltas a dizer isso! Ouviste?! A Marie é nossa filha! - exclamou irritado.
Assustei-me.
- Louis, pára! Por favor, percebe de uma vez por todas que eu já não te amo! Acabou...- murmurei, chorando cada vez mais.
- Cala-te sua cabra! - gritou, empurrando-me contra a parede.- eu sei que ainda me amas...tu ainda me amas! - repetiu.
Agarrou-me com força e começou a passar a língua pelo meu pescoço.
- Pára! Larga-me! - gritei.
Louis levou a mão ao bolso e tirou de lá uma arma, apontando-a à minha cabeça.
- Eu não pensei que fosse preciso, mas tu não me dás outra hipótese...- disse.
Paralisei completamente e senti todo o meu corpo tremer.
Louis voltou a beijar o meu pescoço, começando a despir-me. As lágrimas escorriam e o medo assombrou o meu corpo. Tentei debater-me, mas como sempre, ele vencia.

Ouvi gritos enquanto descia as escadas; segurei Marie com força, encostando-me à parede e vendo o que se passava no hall.
Ele? Outra vez?!
Peguei no telemóvel, ligando rapidamente para a polícia; mal terminei a chamada, apenas tive tempo de esconder o telemóvel porque o gajo viu-me. A mim e a Marie!

Já estava sem roupa quando Louis olhou para as escadas, era Jake...e Marie!
- Ora ora...- disse, com um sorriso vitorioso nos lábios. Finalmente conseguira o que queria.- olha quem temos aqui...- disse.
Olhou para Jake e sorriu.
- Ela é bonita não é? - perguntou, passando uma mão pela minha cara.
Olhou o telefone na mão de Jake e trancou a porta, agarrando-me pelos cabelos.
- Desculpa amor...- sussurrou-me.- não devias ter feito isso Jake'zinho...- disse cínico.
Puxou-me os cabelos e apontou-me a arma.
- Louis! - choraminguei, em pânico.- deixa-os ir, o teu problema é comigo..- disse.
- Mas amor, ele tirou-te de mim...- declarou, olhando-me.
- Não! - protestei.- eu é que me vim embora, eu já não te amo Louis..- repeti.
Ele voltou a bater-me.
- Eu já te disse que tu me amas! - gritou.
Marie começou a chorar.

Tentei acalmar Marie.
- Não chores. Não agora! - pedi baixinho.
Olhei para o rapaz.
- Não gostaste de estar uma noite na esquadra? - perguntei baixinho, fazendo-o aproximar-se de mim; dei um pouco a volta, colocando Marie nos braços de Chloe.
- Porta da cozinha, polícia lá; robe atrás da porta. Vai! - disse-lhe ao ouvido enquanto lhe entregava a pequena.
Distrai aquele traste para Chloe conseguir ir para onde lhe indicara.
- Sabes, é muito baixo precisares de armas. Mas já estamos em pé de igualdade, se quiseres... - tirei a arma que outrora pertencera ao meu pai. Estava descarregada, mas dava para ameaçar.

Agarrei Marie com força, acalmando-a.
Ouvi o que Jake me dissera e fui a correr para a cozinha, enquanto ele distraía Louis.
Retirei o robe de trás da porta e vesti-o. Abri a porta da cozinha e a polícia já estava lá. Indiquei-lhes onde é que Louis estava e sem fazer barulho, eles foram para lá. Um polícia disse para eu ficar na cozinha, para me acalmar e por causa da pequena. Aconcheguei-a no meu peito e respirei fundo. Só precisava de sentir os braços de Jake novamente...

Estava a distrair aquele gajo quando a polícia apareceu.
- Desta vez não ficas só de visita. - o polícia da outra vez proferiu, agarrando nele. - Bonita arma! - disse para mim, levando-me a encolher os ombros.
- Obrigado.
Sairam de casa e espreitei para a cozinha.
- Podes vir.

Assim que ouvi a porta bater e Jake dizer que já podia ir, corri até ao hall.
Corri para os seus braços e abracei-o com força, escondendo a minha cara no seu pescoço e sentindo as lágrimas escorrerem compulsivamente.
- Tive tanto medo..- solucei.

Mordi o lábio.
- Estás bem? - perguntei, pegando em Marie.

Deixei que Jake pegasse na pequena.
- Nem por isso...- admiti, limpando algumas lágrimas que teimavam em cair.- talvez seja melhor ela dormir um pouco...- disse apontando para a pequena. Apertei o robe contra o meu corpo, sentindo nojo ao fazê-lo, ele tinha-me tocado mais uma vez...
- Eu vou até ao quarto...- declarei, sentindo uma vontade enorme de chorar, mas não o querendo fazer à frente de Jake. Virei costas e subi as escadas rapidamente indo para o nosso quarto. Deitei-me sobre a cama e abracei o meu corpo, chorando.

Exalei um suspiro, indo deitar Marie no berço que tinhamos na sala. Era um berço simples e um pouco antigo mas como era algo de família, não me importei muito com isso.
Limpei todos os vestígios da presença daquele idiota, colocando o tapete para lavar; voltei a pegar em Marie e subi até ao quarto.
Bati à porta, enquanto sentia a pequena a aninhar-se no meu colo.