O sotão

Mal entrei em casa, puxei a mão dele e comecei a correr escada acima, com ele, até chegar ao sótão da casa.
Mal abri a porta e vi que não estava ninguém, encolhi os ombros e fiz o meu sorriso meio culpado, a tentar parecer inocente.
- Eles estavam na sala... - justifiquei-me, com um sorriso torto - Hm, vou tomar banho então, tens razão. - sorri, tentando não ter o ar de quem estava a preparar uma. Tirei a t-shirt ali, atirando-a para um lugar do sótão, até me aperceber do que tinha feito automaticamente - Hm, já venho. - corei e saí de lá logo, indo tomar banho. Voltei só de pijama ao sótão - Cheguei. - disse com um sorriso, esperando que ele não falasse do facto de ter tirado a camisola.

Estava tão fofinho a dormir. E tu estás tão estupidamente melada., pensei quando ele saiu do quarto para ir tomar banho.
Fiquei a olhar pela janela, para a chuva a cair, sentindo-me estupidamente idiota e feliz: é que és parva.
Deitei-me na cama, só com o top e os calções e fechei os olhos: deves parecer a Bela Adormecida, representada pela Monstro da Bela e do Monstro. OH PÁ, CALA-TE. Se estas conversas entre mim e a minha mente continuassem, podiam tornar-se ainda mais frequentes e graves, e acabava internada num hospital qualquer. Bah, pára.
Ouvi barulho e apressei-me a abrir os olhos, esboçando um sorriso ao vê-lo só de boxers. E depois senti-me a corar. Oh, merda.
Desviei o olhar dos abdominais, peitorais, bíceps dele - enquanto agradecia a todos os anjinhos o facto de ser morena e de se notar dificilmente que corava - e olhei só para a cara, vendo-o a deitar-se à minha beira.
- Não, não há tipo mesmo nenhum problemaa em ficares assim. - disse imediatamente, talvez um bocado efusiva. 'Tás histérica, cala-te porra. Aproveitei o que ele pediu e beijei-o, parando o beijo pouco tempo depois com um sorriso parvo. Outra vez. Bah, mata-te.

Comecei a sorrir toda parva com o que ele estava a dizer, sentindo o meu ritmo cardíaco a aumentar consideravelmente.
- Eu também te amo. - acabei por dizer, notando uma naturalidade que me deixou completamente surpreendida. Era normal eu dizer-lhe aquilo porque... era o que eu sentia. Era natural; e isto era estranho, mas verdadeiro - Sim, eu durmo.
Quando senti as mãos dele nas minhas coxas, com um cuidado completo, comecei a sentir-me mais nervosa. Comecei a corar violentamente com o que ele disse a seguir e a sentir-me inquieta. Contudo, foi o que ele fez a seguir que me deu a certeza toda, o embaraço óbvio, a vergonha e o arrependimento.
Beijei-o para ver se ele se calava e sorri-lhe:
- Estava a ver que não paravas. Sim, eu quero. - proferi, sabendo que aquelas palavras iam marcar a minha vida. Mas tinha a certeza absoluta: não havia rapaz mais certo que aquele e agora era o momento certo.

- Não me vou arrepender de nada. - assegurei, apesar de não fazer ideia do que o dia da amanhã podia representar. Mas confiava nele e isto era verdadeiro, não tinha que ter medo. Era Ele: representava o que eu tinha dito que queria num rapaz, no meu rapaz de sonhos e a prova toda para aquelas pessoas que me tinham dito 'continua a sonhar então'.
Retribuí o beijo e depois fiquei toda arrepiada, quando senti os lábios quentes dele no meu pescoço. Puxei-o para mim, pondo as minhas mãos nos ombros dele enquanto o beijava, sentindo o meu coração a bater muito mais depressa e a explodir, do nervosismo todo.
- Sim. - voltei a afirmar com um sorriso, quando ele parou para olhar para mim.