Piscina Interior

Fiz duas tostas mistas e fui procurar um sumo qualquer ao frigorifico, colocando tudo numa bandeja e procurando-a pela entrada a pela sala. Fiz uma careta ao pensar que ela se tinha ido embora sem avisar e só quando olhei para o lado e vi a porta que dava para a piscina interior aberta é que reparei nela a molhar os pés. Pousei o tabuleiro ao lado dela e puxei as calças para cima sentando-me como ela e dando-lhe uma tosta. - Nem penses em resmungar. - pedi.

Virei a cara para ele e peguei numa tosta afastando a minha cabeça da água para não a encher de migalhas.
-Ok. - assenti simplesmente e dei uma gargalhada movendo os pés.

Enchi os dois copos com sumo e roubei-lhe um beijo como se fosse uma recompensa. Acabamos de comer as tostas em silêncio e sinceramente não sabia se isso era bom ou mau, quando vi que ela tinha acabado com uma mão e um empurrão atirei-a a água. Tirei a t-shirt enquanto ela esteve submersa e fui para dentro da água morna caindo mesmo em frente a ela.

Senti-me a cair para dentro de água e pouco depois perdi a t-shirt comecando a tremer de frio, embora, no fundo, me sentisse novamente bem, entre aspas.
-Seu estúpido! - brinquei e ri-me atirando-lhe água a cara e nadando para longe - Está fria! - queixei-me.

Nadei até ela e consegui apanha-la puxando as suas costas para o meu peito.
-Na verdade está morninha - brinquei penteando o seu cabelo molhado e passando-o para um ombro enquanto eu colocava o meu queixo em cima de outro.

Fiz uma careta e aproximei-me mais dele encostando os nossos corpos.
-Não, não está. - neguei e pus a língua de fora, enquanto colocava as mãos nos seus ombros e deixava de nadar, apoiada sob ele.

-Daqui a pouco já te habituas - garanti olhando para os seus olhos e nadando mais para a borda da piscina enquanto ela se agarrava a mim. Estava sob um grande dilema, agora ou a beijava e podia levar uma tampa, ou não a beijava e esperava que ela o fizesse por mim, ou simplesmente beijava e ficava à espera da sua chapada. Decidi fazer a terceira opção e beijei-a calmamente.

Não percebi realmente o porquê de um beijo tão calmo, comparado com os que ele dava desde sempre. Mas a verdade é que às vezes o calmo é o mais bonito, o mais romântico, por isso alinhei na dele e beijei-o também calmamente até os nossos lábios se separarem e eu continuar silenciosamente a olhar para ele.

Talvez a discussão de hoje apercebi-me que a podia perder que não era bem isso que eu queria. Podia ser um desmiolado de primeira, um drogado e ainda um atrasado mental, tal como ela dizia, mas eu continuava a ter sentimentos e talvez fosse ela que me conseguisse fazer esquecer por completo as minhas más memórias. Parei de olhar para ela olhando para a água e depois para o copo cheio e bebi um bocado dando-lhe o outro.
-Obrigado Amanda - agradeci.

-Pelo quê? - questionei sabendo exactamente a razão. Mas queria ouvi-lo da sua boca, queria ouvir novamente o quão arrependido (ou não) ele estava. Sim, porque depois de me ter feito aquilo, não merecia eu tê-lo perdoado tão rapidamente. Mas, enfim... E o orgulho dele costumava ser tão grande e ouvi-lo pedir desculpa era... bem, era raro. demasiado raro e aquelas eram as oportunidades que ele tinha de o fazer, por isso, que o fizesse!

Revirei os olhos por ela saber exactamente o que eu agradecia.
-Por me teres desculpado Amanda. - suspirei fazendo-lhe a vontade e dei-lhe uma festa na cara só mesmo para ser querido. - Eu nem sei como é que não estás fula. - murmurei sinceramente.

-Nem eu. - admiti levantando o sobrolho e comecei a nadar até ao outro lado da piscina perguntando-me a mim própria realmente como é que eu não estava tão fula. Ou me tinham drogado ou era eu a esquizofrenica ou sei lá.